
Do mundo para a sala de aula: abordagens antropológicas para pensar as sociedades contemporâneas
Este curso vai ser lecionado na modalidade de ensino presencial
Objetivos
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- Proporcionar à docência uma abordagem prática e criativa dos estudos antropológicos e de como utilizá-los para refletir criticamente sobre alguns dos debates socioculturais contemporâneos;
- Incentivar práticas de ensino que acionam competências transversais na área da pesquisa, análise crítica e realização de trabalhos por parte dos/as alunos/as;
- Treinar a desconstrução de alguns dos conteúdos dos manuais escolares;
- Partilhar práticas pedagógicos para incentivar o protagonismo dos/as alunos/as no ato educativo;
- Experimentar formas colaborativas de ensino, através da partilha de metodologias pedagógicas específicas;
- Estimular a criação de ambientes seguros de aprendizagem através de processos de educação emocional.
Programa
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Segunda-feira dia 21 de Julho
Sessão 1 – das 10h00 às 12h00
Sessão 2 – das 14h00 às 16h00
- Enquadramento sobre o olhar antropológico: como construímos o nosso olhar sobre o mundo que nos rodeia? Como podemos olhar para o mesmo tema a partir de “lugares” diferentes? Através de exemplos de pesquisas e exercícios práticos, iremos criar uma linguagem coletiva que complexifique o olhar e sirva de terreno comum para os módulos seguintes.
- O que é a cultura? Irá refletir-se sobre as dimensões visíveis e invisíveis da cultura através de uma dinâmica participativa designada de “iceberg da cultura”. A partir de vivências dos/as formandos/as e de experiências de investigação da formadora, serão exploradas estas diferentes dimensões e a forma como afetam a perceção do outro e a perspetiva da história única.
Terça-feira dia 22 de Julho
Sessão 3 das 10h00 às 13h00
Sessão 4 das 14h00 às 17h00
- Olhar as migrações. A questão das migrações e o seu papel na criação de lugares e espaços de pertença será trabalhada analisando os diferentes regimes de mobilidade em Portugal (imigração e emigração). Através da análise das políticas migratórias europeias, do seu impacto em Portugal e da circulação de discursos estigmatizantes no espaço público e mediático, iremos refletir sobre a construção de histórias comuns e de subjetividades partilhadas.
- Género, sexualidade, raça e classe. Utilizando referências do feminismo negro e decolonial, procuraremos desconstruir o pensamento binário para debatermos, de forma aberta, complexa, crítica e criativa, conteúdos curriculares, sobre corporeidade, sexualidade, identidades, afetividades e igualdade de género, e analisarmos as formas de discriminação relacionadas.
Quarta-feira dia 23 de Julho
Sessão 5 das 10h00 às 13h00
Sessão 6 das 14h00 às 17h00
- Pessoas em situação de refúgio. Será analisada a história das pessoas em situação de refúgio em Portugal, bem como os desafios à sua inclusão. Pretende-se abordar a diversidade social e cultural; questões de género; o acesso ao emprego, à saúde e à educação; estereótipos e preconceitos; o associativismo; a importância do ensino da língua portuguesa e da mediação em ambiente escolar.
- O património tem muitas faces! O património cultural será discutido como indutor de diálogo para a cidadania e para a paz, mas também como imagem de poder hegemónico. Esta reflexão crítica será apoiada na análise de patrimónios associados a práticas migratórias e ao passado colonial, visando (re)contextualizar os seus diferentes modos de uso e trazê-los para a sala de aula como ativadores de empatia.
Quinta-feira dia 24 de Julho
Sessão 7 das 10h00 às 13h00
Sessão 8 das 14h00 às 17h00
- O racismo e a saúde. Através de estudos de casos específicos, será apresentado o papel da antropologia biocultural na análise interdisciplinar da promoção da saúde, da igualdade social e como o racismo pode afetar a saúde.
- Promoção de debates horizontais sobre os temas trabalhados no curso.
Conferencista convidada: Professora Inês Varela Silva (Universidade de Loughborough)
Sexta-feira dia 25 de Julho
Sessão 9 das 10h00 às 13h00
- Trabalho final em grupos sobre uma temática à escolha, com vista à preparação de uma proposta didática para a sala de aula. Conversa coletiva para a avaliação final do curso.
Bibliografia
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- Rui Costa Lopes, 2024, Preconceito e Discriminação em Portugal, Fundação Francisco Manuel dos Santos, Lisboa.
- Margarida Lima Rego (coord.), Paulo Côrte-Real (coord.), Joana Brilhante, Maria João Resende, Miguel Vale de Almeida, Verónica Corcodel, 2024, Multiversidade – Livro Branco sobre Discriminação Múltipla e Interseccional, NOVA, Lisboa.
- Cardeira da Silva, Maria, 2024, Património à Solta. Fundação Francisco Manuel dos Santos, Lisboa. Pires, Rui Pena; Vidigal, Inês; Pereira, Cláudia; Azevedo, Joana; Veiga, Carlota Moura, 2023, Atlas da Emigração Portuguesa, Editora Mundos Sociais, Lisboa.
- Heloisa Buarque de Hollanda (org.), 2020, Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais, Bazar, Rio de Janeiro.
PROPINA
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Ver tabela em informações úteis.
docentes
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Ana Saraiva é doutorada em antropologia e mestre em museologia e património (UNL FCSH). Investigadora do CRIA – Nova FCSH, com estudos sobre património cultural e museologia, contextos migratórios e transnacionalismo.
Cristina Santinho, doutorada em antropologia (ISCTE-IUL; 2011), desenvolveu as suas pesquisas sobre a integração das pessoas refugiadas e requerentes de asilo em Portugal. Tem lecionado no ISCTE-IUL e foi responsável pela coordenação de diversos cursos de curta duração dirigidos à técnicos das instituições que lidam com pessoas refugiadas.
https://www.cienciavitae.pt/5719-790D-D6DB
Elizabeth Challinor, é doutorada em Antropologia pela Universidade de Sussex (2001). As suas áreas de investigação incluem a antropológica do desenvolvimento, migrações, políticas públicas e o acolhimento de pessoas refugiadas em Portugal. A sua experiência de educação de adultos inclui a criação e formação num curso livre “Cooperação e Desenvolvimento” para a Escola Superior de Educação em Viana do Castelo (2000-2004) e a co-criação do curso livre “Competências Interculturais em Contextos de Migrações” para a câmara municipal de Viana de Castelo (2020-23).
https://www.cienciavitae.pt/7F19-5F4A-A118
Francisca Alves Cardoso Francisca Alves Cardoso obteve o seu doutoramento pela Durham University em 2008. É Investigadora Auxiliar do CRIA e docente convidada da NOVA FCSH. A sua investigação aborda o estudo de remanescentes humanos, explorando desigualdades socioeconómicas, culturais e de saúde, e questões éticas relacionadas ao seu estudo/uso.
https://www.cienciavitae.pt/portal/C611-5A86-F95E
Micol Brazzabeni é antropóloga e, atualmente, mediadora social numa Escola Básica de ensino público em Lisboa. Dinamiza oficinas sobre igualdade de género, discriminações e educação emocional. Coordenou o Projeto “Pequena Oficina de Antropologia” no âmbito do Programa Fazer Acontecer (CM Lisboa). Realizou o seu pós-doutorado em Portugal no CRIA-ISCTE (2008-2014) sobre espaços e emoções e a sua investigação doutoral numa parceria entre a Universidade de Florença e a Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil (2004-2005), onde pesquisou ideias de escolas com famílias do grupo indígena Maxakali/Tikmũ’ũm. Desde 2005 até 2017, lecionou em âmbito académico e em cursos temáticos de Antropologia em Centros de Saúde para operadores sócio sanitários e Agrupamentos Escolares para Docentes de Ensino Básico na Itália.
https://www.cienciavitae.pt/EB15-A279-B3AC
Sónia Ferreira é doutorada em Antropologia, pela NOVA FCSH (2009). Tem desenvolvido investigação na área das migrações portuguesas no Canadá, no Brasil e em França e das migrações cabo-verdianas na Europa, trabalhando sobre identidade nacional, cultura, língua e sobre processos e regimes de racialização. Foi também coordenadora (2019-2022) de um projeto europeu sobre o exílio português na Europa. Tem colaborado com várias instituições do ensino secundário, em Portugal e em França.
https://www.cienciavitae.pt/4A16-C2C4-CA8F.