A NOVA FCSH está na agenda da Sustentabilidade

Pelo seu foco nas Ciências Sociais e Humanas, a NOVA FCSH tem uma conexão natural com a sustentabilidade e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos, em 2015, pela UNESCO com base nos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Ciências sociais, como a sociologia, antropologia ou ciência política, só para referir algumas das áreas de estudo da Faculdade, examinam como as pessoas e as comunidades se relacionam com o meio ambiente, como as estruturas sociais afetam a distribuição de recursos e poder, e como as políticas públicas podem promover a sustentabilidade. Enquadrado neste aspeto, a NOVA FCSH tem também como função inerente “garantir uma boa saúde relacional entre cidadãos, professores, alunos, trabalhadores e toda a sua comunidade”, defende Luís Baptista, Diretor da instituição, no relatório anual “Sustainability at NOVA”. De um ponto de vista ambiental mais imediato e prático, a Faculdade vai implementar a montagem de painéis solares no Colégio Almada Negreiros, instalar equipamentos de ventilação e ar condicionado mais eficazes, trocar luminárias e dispositivos hídricos por outros mais eficientes e apostar na compostagem: “Em concreto, pretende-se que o conjunto de medidas possa reduzir pelo menos 30% do consumo de energia primária e contribuir para a redução de 20% do consumo de água”, explicou recentemente, Rui Pedro Julião, Subdiretor para a Inovação, Criação de Valor e Desenvolvimento dos Campi.

Além de integrar múltiplos eventos em torno da sustentabilidade, a Faculdade é também parte da plataforma NOVA 4 The Globe, projeto interdisciplinar que promove o diálogo e a colaboração na Comunidade NOVA em torno das diferentes áreas de conhecimento que podem contribuir para a sustentabilidade no ensino, investigação ou criação de valor. Coordenada por Júlia Seixas, Pró-Reitora para a área da Sustentabilidade, tem como missão promover a colaboração interdisciplinar entre as várias Unidades Orgânicas da NOVA e as suas Unidades de Investigação, focando os ODS, o Pacto Ecológico Europeu e o Acordo de Paris.

Mas então como é que a investigação e atividade letiva da NOVA FCSH se relaciona com os ODS, o ambiente e a sustentabilidade?

 

Duas cátedras, uma ERC milionária

Uma das ligações da NOVA FCSH à sustentabilidade ou aos ODS está na sua oferta letiva, nomeadamente através de duas cátedras. Atribuída pela UNESCO em 2016, “O Património Cultural dos Oceanos” foi coordenada por João Paulo Oliveira e Costa, investigador do CHAM e docente do Departamento de História. O seu objetivo foi o de promover a interdisciplinaridade entre diversos campos das Humanidades, focando a história e o património cultural dos oceanos através de uma rede de entidades no Atlântico (Europa-África-América) que envolveu investigadores e estudantes, criando um campo para a partilha de experiências, materiais e conhecimento.

Também Regina Salvador, docente do Departamento de Geografia e Planeamento Regional, recebeu em 2017 a Cátedra Jean Monnet “OCEANID – EU Integrated Maritime Policy and Blue Growth”, integrada no CICS.NOVA. Concedida pela UE, esta formação inclui apoio financeiro para o desenvolvimento de cursos, investigação e atividades de divulgação científica relacionadas com temáticas associadas à integração europeia. Foram organizados workshops académicos, palestras e sessões especializadas em tópicos relacionados com o conhecimento marítimo e dinâmicas dos territórios marítimos, mantendo em vista os objetivos definidos pelo programa Crescimento Azul Sustentável.

Finalmente, ainda no campo do mar, também vale a pena destacar o projeto 4-OCENS, coordenado por Cristina Brito e vencedor, em 2020, de uma bolsa do European Research Council (ERC) no valor de 10,4 milhões de euros. A iniciativa, já em curso e a decorrer até 2027, pretende contribuir para a literacia dos oceanos num mundo que depende dos recursos marinhos para a subsistência e segurança alimentar, bem como fortalecer o papel das Humanidades para o estudo e conhecimento do mar.

Cristina Brito, coordenadora do 4-OCEANS

Boas ideias, melhores projetos

Diversos centros de investigação da Faculdade têm vocações que as podem ligar ao ambiente ou aos ODS. Estes são alguns projetos de investigação da NOVA FCSH relacionados com estas áreas.

 

Centro Experimental de Erosão de Solos de Vale Formoso (CEEVF)

Instalado na Herdade de Vale Formoso, o CEEVF tem como objetivo principal estudar a erosão do solo em áreas agrícolas e combater a desertificação, sendo reconhecido como um centro de referência a nível europeu e mundial. Tem como princípio estudar o comportamento dos solos em diferentes condições de declive e culturas, analisar a natureza, intensidade e duração das chuvas, avaliar o impacto das culturas na conservação do solo, determinar os efeitos da mobilização do solo no processo de erosão, identificar falhas no sistema de exploração e aplicar e observar os efeitos de práticas de defesa do solo.

Integrada no Grupo Mudanças Ambientais, Território e Desenvolvimento, a sua investigação contribui para a compreensão dos problemas ambientais e a gestão adequada dos recursos naturais.

Unidade de investigação: CICS.NOVA | ODS 13 e 15

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MOSAIC – Joined-up land use strategies tackling climate change and biodiversity loss

Trata-se de um projeto internacional, com cerca de 20 parceiros, que recebeu 6,9 milhões de euros para estudar a gestão integrada do uso do solo no combate às mudanças climáticas e a perda de biodiversidade na Europa. O principal objetivo do MOSAIC passa por avaliar as motivações dos diferentes stakeholders envolvidos nos processos de tomada de decisão e a sua integração na formulação de cenários futuros e políticas de usos sustentável do solo.

“O MOSAIC pode ser uma oportunidade única para estudar a Região Alentejo sob o prisma das mudanças climáticas em paralelo com a perda de biodiversidade e os desafios das energias renováveis, criando as bases para implementar políticas públicas e ações concertadas que permitam uma gestão do solo direcionada para modelos mais sustentáveis e resilientes”, afirma Francesca Poggi, investigadora e docente da NOVA FCSH.

Unidade de investigação: CICS.NOVA | ODS 13 e 15

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LIFE DESERT-ADAPT: preparar áreas de desertificação para as alterações climáticas

O projeto LIFE DESERT-ADAPT tem como objetivo demonstrar o impacto positivo de uma abordagem integrada de ecossistemas que combine a adaptação e mitigação às mudanças climáticas com oportunidades de desenvolvimento em áreas afetadas pela degradação do solo e desertificação. O projeto prevê a implantação de Modelos de Adaptação à Desertificação (DAMs, na sua sigla em inglês) em Itália, Espanha e Portugal, recorrendo a tecnologias inovadoras no uso da terra, conservação do solo e suporte às plantas.

Os resultados esperados incluem a criação de 10 DAMs, a gestão de 1000 hectares de terra, melhoria da biodiversidade e criação de benefícios socioeconómicos para os agricultores.

Unidade de investigação: CICS.NOVA | ODS 13

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REA Alentejo – Modelo de reabilitação de ecossistemas para as zonas semiáridas

O projeto tem objetivo de criar um modelo replicável que permita restaurar a produtividade agrícola e florestal nas zonas semiáridas do sudeste de Portugal. A sua ambição é constituir uma referência no processo de beneficiação e restauro dos ecossistemas das regiões semiáridas do sudeste do Alentejo, incentivando a melhoria da saúde do solo, o funcionamento dos ecossistemas e a qualidade de vida das comunidades rurais. Atualmente, “cerca de 94% da NUTS Baixo Alentejo é suscetível à desertificação. Na margem esquerda do Guadiana, a região de Mértola regista mesmo 96% de suscetibilidade a este fenómeno”, afirma o website do projeto. “A necessidade e oportunidade são, portanto, elevadas, urgentes e críticas, especialmente nestas zonas de proteção especial com elevado risco de erosão e/ou de elevado valor e sensibilidade ecológicos onde o projeto irá atuar”, defendem os investigadores.

Unidade de investigação: CICS.NOVA |ODS 13 e 15

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Smart Port Lisbon

As cidades portuárias concentram uma percentagem crescente da população e controlam o comércio mundial e as cadeias de valor, resultando em problemas ambientais, de transporte, tecnológicos, sociais e económicos. Para minimizá-los, impõem-se políticas INTELIGENTES (Específicas, Mensuráveis, Atingíveis, Relevantes, Temporais).

O projeto Smart Port Lisbon pretende recolher e avaliar um conjunto de indicadores sociais, económicos, ambientais, tecnológicos e de governança de Lisboa através de comparações com portos internacionais, exemplos de Roterdão, Singapura, Hamburgo, Le Havre ou Dublin. Um dos objetivos finais é apresentar propostas que permitam mitigar os problemas decorrentes das atividades portuárias nestes centros urbanos.

Unidade de investigação: CICS.NOVA | ODS 9 e 11

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Alimentar Cidades Sustentáveis

Criada em 2018, a rede nacional Alimentar Cidades Sustentáveis agrega vários atores implicados na sustentabilidade dos sistemas alimentares em Portugal num processo colaborativo de partilha de conhecimento e dinamização de debates mensais on-line e outras atividades. O projeto, de adesão voluntária e gratuita, surgiu no sentido de colmatar duas lacunas a nível da cadeia alimentar, nomeadamente a falta de visibilidade das iniciativas portuguesas de sustentabilidade alimentar e o reduzido intercâmbio de conhecimento.

“Urge levantar o véu sobre os múltiplos pontos de entrada da alimentação que se evidenciam nas consequências sociais, económicas e ambientais de dependência dos sistemas alimentares globais em detrimento do investimento do estado no fortalecimento dos sistemas alimentares locais”, refere Cecília Delgado, investigadora da NOVA FCSH e co-fundadora da rede

Unidade de Investigação: CICS.NOVA | ODS 3, 12 e 15

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SocioEcoFrontiers: Frontiers in social-ecological research: achieving the promise of integration in Marine Spatial Planning for resilient social and environmental outcomes

Este projeto visa estudar a melhor forma de integrar a informação ecológica e social na gestão dos recursos marinhos. A investigação, realizada em São Tomé e Príncipe e em Moçambique, visa melhorar a tomada de decisões em relação à proteção da biodiversidade e desenvolvimento sustentável, levando sempre em conta o interesse das comunidades locais na gestão do espaço marítimo.

Unidade de investigação: CICS.NOVA | ODS 14

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LITESCAPE.PT – Atlas das Paisagens Literárias de Portugal Continental

O projeto LITESCAPE.PT é um atlas das paisagens literárias de Portugal Continental que visa estudar a literatura portuguesa ou de língua portuguesa publicada desde meados do século XIX até à atualidade, identificando as descrições de paisagens do território português. Iniciado em 2010 e coordenado por Ana Isabel Queiroz até 2017, o projeto resultou numa base de dados e na publicação de e-books e artigos científicos. A partir de 2018, coordenado por Natália Constâncio e Daniel Alves, o projeto passou a contar com atualizações tecnológicas, novas linhas de investigação e parcerias. Os objetivos incluem a ligação entre literatura e território, o conhecimento do património natural e cultural, a literacia ambiental e a implementação da Convenção Europeia da Paisagem. A equipe interdisciplinar realiza leituras, recolha de excertos e classificação em uma base de dados colaborativa, usando métodos quantitativos e sistemas de informação geográfica.

Unidade de investigação: IELT | ODS 9

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MARPA – Mar partilhado: as implicações da geração de eletricidade ao largo da Costa Verde de Portugal

Investiga as implicações socio ambientais do parque eólico flutuante instalado no mar ao largo de Viana do Castelo a nível local, a fim de criar conhecimento sobre este elemento relevante da transição energética e da economia azul do país e da UE. A atenção centra-se nas respostas locais à partilha do mar entre geração de energia e outras atividades, na justiça ambiental da infraestrutura e nos seus efeitos socioeconómicos

Unidade de investigação: CRIA | ODS 7, 13 e 14

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EnergoGeografias Emergentes e Mobilizações Políticas no contexto da Transição Verde: Uma Abordagem Antropológica

No contexto dos debates globais sobre mudanças climáticas, sustentabilidade e transição energética, este projeto visa estudar as consequências sociopolíticas da indústria energética global, com foco em casos de instalação e desenvolvimento de indústrias energéticas na Transição Verde. O objetivo é analisar os impactos ambientais locais, redistribuições espaciais, infraestruturas e desdobramentos materiais dessas indústrias, bem como as consequências em termos de direitos e uso da terra, desenvolvimento económico e mobilizações políticas. Propõe-se o conceito de “Energo-Geografias” para compreender a complexidade dessas indústrias, reunindo uma equipe de antropólogos para realizar estudos em diferentes países. O objetivo é avançar o conhecimento científico e fornecer subsídios para políticas públicas que promovam uma transição justa e sustentável.

Unidade de investigação: CRIA | ODS 9, 13 e 15

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Laboratório de Antropologia ambiental e Ecologia comportamental (LAE)

Criado em 2015, o LAE desempenha um papel crucial no tratamento, preservação e estudo de espécimes biológicos, com ênfase especial nos primatas. Centra-se na análise do comportamento animal através do tratamento e catalogação de imagens obtidas em contextos selvagens e em constituir coleções de referência para futuros projetos de investigação.

O LAE abriga um valioso acervo, incluindo um Herbário (LAECRIA) e uma coleção de sementes, predominantemente da Guiné-Bissau. Além disso, o laboratório mantém diversas bases de dados contendo vídeos e fotografias de espécies zoológicas capturadas por câmaras, imagens de primatas não-humanos e registos de trabalho de campo realizados em diferentes contextos.

Unidade de investigação: CRIA | ODS 15

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