Tempos de alarme

Os poderes políticos e as comunidades procuram estar informados sobre os surtos epidémicos. As notícias podem ser transmitidas oralmente, por escrito, através de cartas, pareceres, relatórios ou em jornais. Mais recentemente, pela rádio e pela televisão. Cessando a epidemia alguns narravam por escrito as suas memórias da vivência desse período de doença. Hoje o registo é muito mais visual, passando na maior parte dos casos pela fotografia. Os poderes políticos e as comunidades procuram estar informados sobre os surtos epidémicos. As notícias podem ser transmitidas oralmente, por escrito, através de cartas, pareceres, relatórios ou em jornais. Mais recentemente, pela rádio e pela televisão. Cessando a epidemia alguns narravam por escrito as suas memórias da vivência desse período de doença. Hoje o registo é muito mais visual, passando na maior parte dos casos pela fotografia.

Em 1626, o Conde de Linhares informava o Senado de Lisboa sobre a existência de surtos pestíferos no Norte de África, pedindo-lhe para alertar as localidades algarvias que negociavam com esta área. Para as autoridades políticas a informação sempre foi poder e deveria ser célere.

CML/AML – “Cartas sobre o contágio de peste em África” (1626).

Cota: PT/AMLSB/CMLSBAH/PS/003/02/037

De modo a aferir a veracidade da informação, no século XVI, os juízes do crime podiam questionar os marinheiros sobre a eventual existência de epidemias em reinos estrangeiros. O juramento sobre a Bíblia era uma forma de dissuadir as informações falsas.

DGLAB/ANTT – “Auto de diligência que se fez por mandado de Pedro de Lisboa, juiz do crime, para se saber em que lugares de Flandres, França e Inglaterra se morria do mal de peste” (1514).

Cota: DGLAB/ANTT – PT/TT/CC/2/44/90

As famílias também procuravam notícias sobre os seus membros que estavam em locais afetados pelas epidemias. Em 1521, João Lopes Sequeira informava o rei D. Manuel (1469-1521) que a infanta D. Beatriz, sua filha e duquesa de Sabóia, estava afastada de Turim, protegida contra a peste e bem-disposta.

DGLAB/ANTT – “Carta de João Lopes Sequeira para o rei, dando informações sobre a boa disposição da Infanta (…)” (1521).

Cota: PT/TT/CC/1/27/66

A velocidade de disseminação e circulação de notícias nem sempre foi aquela que podemos observar hoje em dia. A emergência de novos meios de comunicação, como a rádio e a televisão, permitiram difundir de forma mais célere o conhecimento sobre doenças. Em alguns casos, foram responsáveis pelo despoletar de um sentimento de alarme.

CINEMATECA – “Doença do Sono” [19-].

Cota: 7001976

Os novos meios de comunicação, como a internet, também podem ser usados para prevenir contágios e limitar casos de pânico, sobretudo a nível económico. Os poderes políticos utilizam-nos para anunciar, por exemplo, pacotes de ajuda à economia, como no caso da Coreia do Sul, em 2015, durante a epidemia de MERS.

ARQUIVO.PT – “Coreia do Sul investe dois mil milhões para atenuar efeitos da MERS” (01/07/2015), Aeiou quiosque.

A ligação ao mundo digital tem sido um instrumento utilizado pela população para lidar com o isolamento social e satisfazer os seus hábitos de consumo. Em 2015, o Síndrome Respiratória do Médio Oriente tornou isso evidente.

ARQUIVO.PT – “Medo da Síndrome Respiratória do Médio Oriente faz disparar compras online”(15/06/2015), Agência Lusa, Sapo.

  • MONTEIRO, Jorge Manuel Martins – A Medicina Contemporânea – Um caso emblemático na imprensa médica portuguesa. Lisboa: NOVA FCSH, 2012. Dissertação de mestrado. – Disponível online.
  • PONTE, Maria Cristina Mendes da – A cobertura de epidemias na imprensa portuguesa. In Actas III Congresso da SOPCOM [Em linha]. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2005, p. 53-60. – Disponível online.
  • SOUSA, Jorge Pedro – Gazeta da Restauração (1641-1642): a introdução do periodismo noticioso em Portugal. In SOUSA, Jorge Pedro (Coord.), Notícias em Portugal – Estudos sobre a imprensa informativa (séculos XVI-XX) [Em linha]. Lisboa: Instituto de Comunicação da Nova, 2018, p. 51-65. –  Disponível online.
  • TEIXEIRA, Carla – O especialista e outros sujeitos em artigos jornalísticos de divulgação científica na área da saúde. In GONÇALVES, Matilde; JORGE, Noérmia (Orgs.), Literacia Científica na Escola [Em linha]. Lisboa: NOVA FCSH – CLUNL, 2018, p. 55-69. – Disponível online.
  • ALMEIDA, Maria Antónia Pires de – Saúde pública e higiene na imprensa diária em anos de epidemias: 1854-1918. Lisboa: Colibri, 2013. – Cota: HST 7218 (BMSC)
  • CUETO, Marcus – Saúde global, uma breve história. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2015. – Cota: HST 8876 (BMSC)
  • DALEY, D .J.; GANI, J. – Epidemic modelling, an introduction. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. – Cota: CA 1043 (BMSC)
  • RUFFIÉ, J.; SOURNIA, J.-C. – Les épidémies dans l’histoire de l’homme : essai d’anthropologie médicale. Paris: Flammarion, 1984. – Cota: CA 965 (BMSC)
  • SOURNIA, Jean-Charles – As epidemias na história do homem. Lisboa: Edições 70, 1986. – Cotas: ANT 1340 (BMSC); BLK 2634 (BMSC – Doação Luís Krus)
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