Doação Rita Ferreira

A Biblioteca de António Rita Ferreira (cujos livros estão identificados com a cota BRF) é composta por cerca de 850 livros nas áreas da Antropologia, Colonização Africana, Etno-História de África.

António Rita Ferreira nasceu em Mata de Lobos, Figueira de Castelo Rodrigues, a 14 de Novembro de 1922 e faleceu em Cascais, a 20 de Abril de 2014.

Ainda criança, foi para Moçambique, com a família e ali viveu, até 1977. Estudou em Lourenço Marques e, depois, na Universidade de Pretória, na África do Sul, na área de Estudos Bantos. Uma vez formado, em 1942 ingressou na administração civil, em Moçambique, e o seu trabalho promoveu o contacto mais próximo com os indígenas e os seus hábitos, desenvolvendo o interesse que tinha pela antropologia e a etnografia. Posteriormente, trabalhou no Instituto do Trabalho, Previdência e Acção Social e, depois, no Centro de Informação e Turismo.

Em 1954, publicou no Boletim da Sociedade de Estudos Moçambicanos um trabalho de etnografia, dedicado ao estudo dos “Azimba”. A partir de então, escreveu regularmente sobre temáticas afins, além de ter redigido numerosos relatórios técnicos e estudos produzidos no âmbito do seu trabalho junto das populações autóctones. Desde 1957 e até 1974, colaborou também com vários periódicos da imprensa moçambicana, para os quais enviou mais de três centenas de editoriais, artigos da especialidade e textos de opinião.

Após a independência de Moçambique, entre 1975 e 1977, leccionou História pré-colonial na Universidade Eduardo Mondlane, regressando então a Portugal. Reformado, embrenha-se mais nos estudos de antropologia, sociologia e história, publicando obras nestas áreas, com destaque para a Coletânea de Documentos, Notas Soltas e Ensaios Inéditos para a História de Moçambique (2012), o seu último trabalho editado, fruto da investigação que durante muitos anos desenvolveu.

A divulgação dos seus conhecimentos fê-la também através de conferências e intervenções em seminários, colóquios e eventos culturais afins. Colaborou ainda no projecto de microfilmagem da documentação sobre Moçambique existente em arquivos de Portugal, levado a cabo entre 1983 e 1985.

Concorreu ao prémio “Fernão Mendes Pinto” de Literatura Ultramarina, em 1969, com a novela “Nhanguro”, que terá sido unanimemente indigitada para o prémio, mas a escolha não terá sido aprovada, por ser tida como “subversiva”. Mais tarde, em 1985, no concurso da Sociedade Portuguesa de Autores para a atribuição do prémio José Galeno, foi recomendada para publicação.

A Academia das Ciências reconheceu também o seu mérito e homenageou-o por três vezes.