08
Out
2020
História e polémicas: debates historiográficos e espaço público
Chamada para artigos
00:00 às 00:00 (8 Out a 31 Dez 2020)
Colégio Almada Negreiros (CAN), Sala 327 | Campus de Campolide da Universidade NOVA de Lisboa | 1099-085 Lisboa

Nova data: 31 de Dezembro de 2020

Desde que a história se academizou que as polémicas foram momentos excepcionais de construção, condensação, dissensão e viragem historiográfica dentro desse saber especializado. As polémicas historiográficas em torno de temas específicos dividiram campos de produção do saber, expondo diferentes e contrastantes concepções, metodologias e práticas do conhecimento histórico. Simultaneamente, foram também momentos em que a descrição e a interpretação do passado se constituíram enquanto intervenções públicas no presente, em que a defesa de determinada interpretação histórica representou uma tomada de posição numa determinada disputa política contemporânea.  Esta tendência tanto pode ser observada em polémicas epistemológicas, como a que tomou forma em torno do pós-modernismo e das diferentes viragens historiográficas a ele associadas (viragem cultural e viragem linguística), como em polémicas associadas a determinados acontecimentos históricos, como foi o caso da Historikerstreit ou do debate em torno das sobrevivências contemporâneas do passado colonial. As polémicas historiográficas foram por isso momentos em que o saber histórico académico se defrontou no espaço de debate público com outros usos do passado, expondo e desafiando os paradigmas da disciplina. 

Momentos excepcionais onde se debatem as concepções do passado e a relação da história-disciplina com o espaço público, interessa-nos discutir: 

  • História e espaço público: entre o saber academizado e o espaço público em uma perspectiva alargada (praças, ruas, esquinas, redes sociais, televisão, cinema, livros, etc);
  • História oficial: currículos e manuais escolares e construção das histórias nacionais; 
  • Grandes polémicas. Alguns exemplos, entre outros: Historikerstreit  (polémica sobre o Holocausto na Alemanha na década de 1980); polémica em torno da Revolução Francesa durante a comemoração do Bicentenário da revolução (1989); 
  • História nacional, memória oficial e comemoracionismo: consagração memorial e disputas sobre a memória oficial. Museus e outras formas de monumentalização da história;
  • História e justiça: a história verificada judicialmente e a judicialização da história; questões relacionadas com os debates de reparação histórica, como os debates sobre a escravização no Mundo Atlântico e as restituições de objetos aos seus países de origem;
  • Os conceitos das polémicas: feudalismo e senhorialismo; escravatura e servidão; fascismo, totalitarismo, autoritarismo; colonialismo e imperialismo;
  • Polémicas epistemológicas: pós-modernistas vs marxistas vs realistas e outros empiristas;
  • Historiografia e metodologias: polémicas sobre a biografia, a cliometria e outros métodos historiográficos;
  • Historiografia académica e memória pessoal: as virtudes epistémicas do testemunho;
  • A retórica das polémicas: sátira, insultos, paródias e outros recursos linguísticos;
  • Formas de argumentação: argumentos científicos, argumentos de autoridade, argumentos de utilidade e outras fontes de legitimação.
  • Os sujeitos das polémicas: a figura do historiador, do intelectual, do político, do especialista, etc. 
  • Modos de construção do tempo histórico e a forma como intervêm no espaço de discussão política;

Apelamos às propostas de investigadores/as de todos as disciplinas das humanidades que se enquadrem neste âmbito. As propostas para publicação devem ser submetidas até 15 de Novembro. Apenas os artigos e ensaios submetidos de acordo com as normas de submissão da revista serão considerados.