Dia dos Direitos Humanos

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. A primeira e mais emblemática frase da Declaração Universal do Direitos Humanos foi gravada há 75 anos na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Desde essa data que os países que a compõem – quase 200 hoje, cerca de 50 em 1948 – assinalam, a 10 de dezembro, o Dia dos Direitos Humanos. Na altura, em plena “ressaca” da Segunda Grande Guerra e descoberto o terror nazi, uma parte do globo encontrava esta forma de vincar que a dignidade humana não podia voltar a ser colocada em causa.

Para assinalar a data, a NOVA FCSH vem recordar um dos projetos de investigação mais significativos – e inédito até à data – sobre o destino dos portugueses que, durante a Segunda Guerra Mundial, foram trabalhadores forçados na Alemanha nazi. Coordenado por Cláudia Ninhos, investigadora do Instituto de História Contemporânea (IHC), o projeto internacional FORCED reuniu instituições académicas e organizações da sociedade civil de Portugal, Espanha, França e Alemanha para contar a história de cerca de 500 portugueses vítimas desse trabalho forçado.

Num período em que milhões de pessoas foram escravizadas pelo regime nazi, os portugueses emigrantes em França encontraram-se enredados num sistema complexo que os levou à escravatura, por vezes atraídos por melhores condições de vida falsamente prometidas pela propaganda nacional-socialista. Contudo, à medida que a guerra avançava, o retorno tornava-se difícil, exacerbado pela falta de documentação que os impedia de deixar a Alemanha.

A investigação do IHC contribuiu para uma compreensão mais profunda do impacto desses eventos, ao mesmo tempo que destaca também a necessidade de preservar a memória do passado através da revelação de fotografias, objetos pessoais e narrativas detalhadas das “vítimas esquecidas”, lançando luz sobre as suas trajetórias individuais.

Em 2017, e na sequência do trabalho de Cláudia Ninhos, uma placa em homenagem a essas vítimas foi inaugurada no antigo campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, como reconhecimento oficial do Estado português.