"Tomate Coração": Uma performance para falar sobre Abril

No âmbito das celebrações do 25 de abril, a NOVA FCSH convidou estudantes do Mestrado em Artes Cénicas para preparar uma performance que pudesse refletir alguns dos valores de Abril. Partindo da ideia de que Abril é sinónimo de liberdade de expressão, pretendeu-se colocar na dança, no movimento e na representação os principais focos para poder manifestar de forma motora um conceito ou ideia de liberdade. 

As alunas preparam então  “Tomate Coração”, uma vídeo-performance que é dedicada “às rebeldes que lutaram e às que ainda lutam pela liberdade e democracia”. O trabalho foi concebido e editado pelas estudantes Derman Guilmez, Hannya Melo, Nadia Fabrici, Natalia Zanoni, Rita Cruz. Veja aqui o vídeo completo:

As estudantes partilham também a sinopse da sua performance, um texto que pretende expor algumas das linhas orientadoras das suas ideias e processo criativo:

Ingredientes
1l de (apaga)
4 colheres de sopa de sumo de limão bem ácido
3dl de vod…CENSURADO
 
Preparação
Cortar o ar.
Mover o vermelho.
Beber o quotidiano ou o silêncio de um som.
Dizer Mulher.
Deslizar na sanidade e escorregar na pele.
Gritar vermelho.
Desfazer a pele.
 
Modo de Servir
We are in the kitchen, we are out of the kitchen. 
We are here to break your rules and not to prepare a cocktail for patriarchy but a cocktail for ourselves.
A cocktail of our power together, of all our colours, smells and just for us, for all women to enjoy our nights and days, to bloom every spring out of history, to bloom today and tomorrow.
To grow out of our anger yet hope and solidarity.
 
Ideia central do vídeo-dança
5 mulheres à volta de uma mesa. A te(n)são é (a)palpável. Toda a gente sabe que quando as mulheres se juntam… Sabias que o som da faca faz-me pensar em todas as vezes que a minha avó cortou cebolas? E foram tantas. Hoje ainda choramos, mas não há nódoa que resista ao limão e, se esfregares bem, desaparece tudo! Tudo menos o ácido, claro, porque está cá há tanto tempo e já se sabe que se não se puser logo de molho, bem mergulhado no amacia-dor… esquece. Nunca mais tiras a acidez da garganta. O que importa é o ângulo, porque pode estar muito afiada e não dar em nada. Tens de ter a certeza que o trabalho fica bem feito e digo-te já que aquele vermelho não se consegue sozinho, a liberdade pede luta – muita luta.
 
Roteiro
Da ordem para o caos. Da ditatura à revolução. Tudo com calma, ordem, beleza e muita, muita paixão. Vamos saboreando o prazer da nossa condição de ser mulher, navegando entre o ter de servir e o ser servida. Uma viagem que acompanha a luta pela liberdade, através da exploração do espaço, objetos e alimentos da confeção e da refeição. O nosso corpo é ele próprio nutrição e é ele que nos, vos alimenta. Mas, claro, o corpo é nosso e nós movemo-nos como nos apetecer.