CHAM Talks inicia nova temporada de podcasts de ciência
14 de Novembro de 2025, 11:53
O podcast para ouvir ciência CHAM Talks está de regresso para uma quarta temporada onde continuará a divulgar o melhor trabalho académico dos investigadores do CHAM – Centro de Humanidades na área das Humanidades.
Os novos episódios do CHAM Talks são lançados com uma periodicidade quinzenal e podem ser ouvidos no Spotify e no Youtube. Pode ler sobre os diferentes temas que serão tratados na quarta temporada na lista abaixo:
Episódio 1
A cidade romana de Miróbriga e a sua dinâmica na Península Ibérica, com José Carlos Quaresma
As ruínas de Miróbriga, perto de Santiago do Cacém, são motivo de curiosidade desde o Renascimento, mas só nos anos 1980 passaram a ser tratadas com métodos arqueológicos modernos. José Carlos Quaresma fala-nos sobre os trabalhos de campo com registos estratigráficos e publicações académicas dessa cidade romana e a sua importância na rede económica do sudoeste da Península Ibérica. Recorda também características especiais de Miróbriga, como a sua ligação ao mar e às áreas agrícolas, o seu bem preservado hipódromo e a ausência de muralhas. O professor e investigador do CHAM destaca as conclusões da análise dos estudos da cerâmica como a terra sigillata, mais rigorosa do que a técnica do carbono 14: Miróbriga acompanhou as dinâmicas e os ritmos económicos das cidades romanas da fase republicana, até deixar de ser habitada no século VI, durante o período visigótico. A entrevista é conduzida por Joana Rodrigues.
Coordenador do grupo de investigação «Representações, discursos, materialidades e usos do passado» do CHAM, José Carlos Quaresma é Professor Auxiliar com Agregação do Departamento de História da NOVA FCSH e o Investigador Principal do Projecto «TabMir. As áreas comerciais de Miróbriga (séculos I-VI)». A sua investigação tem-se centrado no estudo tipológico e estratigráfico de cerâmicas finas e ânforas do período imperial romano e da Antiguidade tardia, na área atlântica peninsular e no Mediterrâneo ocidental.
Data de publicação: 7 novembro 2025
Episódio 2
«Breve introdução à…» arqueologia da morte, com Rodrigo Banha da Silva
A «arqueologia da morte» revela mais sobre os vivos ou sobre os mortos? Do ponto de vista ético, é aceitável incluir múmias ou outros restos mortais em exposições públicas? A forma como se encara a morte e os mortos altera-se também em função da localização das necrópoles? O arqueólogo Rodrigo Banha da Silva responde a estas questões e reflecte sobre as vantagens de cruzar as ferramentas de disciplinas como a Química, a Antropologia e a História, entre outras questões. A entrevista é conduzida por Isabel Araújo Branco.
Rodrigo Banha da Silva, investigador integrado do CHAM – Centro de Humanidades, onde coordena o grupo de investigação «Arqueologia de paisagens». Professor na Universidade Nova de Lisboa desde 2004, Rodrigo Banha da Silva desenvolve e coordena projectos de arqueologia no âmbito das actividades da Câmara Municipal de Lisboa.
Data de publicação: 21 de novembro de 2025
Episódio 3
A imprensa africana e a resistência ao colonialismo, com Sandra Ataíde Lobo
2025 tem sido marcado por múltiplas comemorações dos 50 anos de independência dos países africanos até então sujeitos ao colonialismo português. Sandra Ataíde Lobo, investigadora do CHAM-Centro de Humanidades, reflecte sobre o papel desempenhada pela imprensa, pelos jornalistas e por intelectuais nas construções de identidades nacionais e nos processos de independência destas nações. Abordando um período violentamente marcado pelo sistema de censura e outras formas de repressão institucional e pessoal, Sandra Ataíde Lobo recorda que, nestas sociedades, a escrita dialogava frequentemente com a oralidade, e também se afirmava como forma de elaborar e divulgar ideias subversivas e revolucionárias. A entrevista é conduzida por Isabel Araújo Branco.
Sandra Ataíde Lobo é investigadora integrada do CHAM – Centro de Humanidades e uma das coordenadoras do Grupo Internacional de Estudos da Imprensa Periódica Colonial do Império Português. Doutorada em História e Teoria das Ideias, desenvolveu entre 2019 e 2024 o projecto «The Home and the World: the Goan intellectual elite and the colonial periodical press». É editora principal da revista Práticas da História. Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past. Investiga, em particular, as elites intelectuais goesas e o seu contributo para a construção da modernidade cultural e política goesa, enquadrada pelos impérios português e britânico, e por movimentos anticoloniais internacionais e indiano. Tem-se interessado em explorar o conceito de imprensa colonial na sua dimensão teorizadora e começa a alargar o âmbito do seu estudo à imprensa africana.
Data de publicação: 5 de dezembro de 2025
Episódio 4
Garcia de Orta e o seu revolucionário Colóquio dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia, com Rui Loureiro
Rui Loureiro dá-nos uma aula sobre a vida e a obra de Garcia de Orta, desde a sua formação em Espanha até à sua vivência durante mais de três décadas no Oriente, onde escreve Colóquio dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia. A obra foi editada em Goa, em 1563, e teve uma grande repercussão na Europa, devido aos conteúdos sobre história política, geografia, comércio, pedras preciosas, botânica e fauna da Ásia, sendo inclusivamente o primeiro texto a descrever casos de cólera. Orta – que terá saído de Portugal devido ao crescente ambiente de animosidade contra os cristãos-novos – conversou com inúmeros viajantes e, reunindo as informações conseguidas com o seu próprio estudo e experiência, preparou o seu Colóquios dos Simples. Porque «verificou que os tratados publicados na Europa até então não transmitiam informações correctas, adequadas e actualizadas», esclarece Rui Loureiro. A entrevista é conduzia por José Alberto Catalão.
Rui Loureiro é investigador integrado do CHAM e docente do Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT), em Portimão. É membro da Academia de Marinha. Doutorado em História, é autor de mais de uma centena de publicações sobre a história das relações de Portugal e Espanha com o mundo asiático nos séculos XVI e XVII. Entre as suas obras mais recentes, salienta-se as edições de Colóquios dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia, de Garcia de Orta (em colaboração com Teresa Nobre de Carvalho); Tratado das Coisas da China, de frei Gaspar da Cruz; e Itinerário da Índia por Terra a este Reino de Portugal, de António Tenreiro.
Data de publicação: 19 de dezembro 2025
Episódio 5
«Breve introdução à…» História Global, com Mariana Boscariol
«A História Global é simultaneamente um conceito e um método de análise da História em que os acontecimentos, fenómenos e processos são vistos em dimensões globais», explica Mariana Boscariol, neste episódio da rubrica «Breve introdução a…» de «CHAM Talks». Tal não significa necessariamente fazer uma «macro-História», relacionando-se antes com uma questão de escala e de tipo de fenómeno a ser estudado, que ajudam a melhor compreender determinados contextos a partir das suas ligações globais. Exemplo disso é o estudo de redes comerciais. A entrevista é conduzida por Isabel Araújo Branco.
Mariana Boscariol é investigadora colaboradora do CHAM e investigadora associada da Universidade de Manchester, onde participa no projecto INTRECCI (Institutional Transformation and the Entangled Commercial Cultures of International Commerce, 1450-1750, ERC). Mariana Boscariol é doutorada em História pela Universidade NOVA de Lisboa. Actualmente, o seu principal interesse de investigação é o estudo da participação e contribuição portuguesa para a criação, continuidade e alteração das instituições do comércio internacional a partir dos estudos de caso do projeto INTRECCI – o Golfo da Guiné, o Golfo de Cambaia e o Estreito de Malaca –, incluindo o papel central de agentes e instituições religiosas.
Data de publicação: 2 janeiro de 2026
Episódio 6
As mulheres de Lisboa nos séculos XVI e XVII, com Mariana Meneses Muñoz
Como eram e o que faziam as mulheres que viviam em Lisboa e não pertenciam às elites, nos séculos XVI e XVII? A historiadora Mariana Meneses Muñoz analisa processos de tribunais de justiça da época para descobrir as suas actividades laborais e as suas estratégias de sobrevivência, transitando entre os espaços formais e informais da economia e transformando saberes mágicos em recursos económicos através das redes de vizinhança e solidariedade feminina. Mariana Meneses Muñoz fala ainda sobre a ocupação dos espaços públicos por estas mulheres e as redes de conhecimento e vizinhança que criavam. A entrevista é conduzida por Isabel Araújo Branco.
Mariana Meneses Muñoz é investigadora integrada do CHAM, onde está a preparar um doutoramento em História Moderna sobre o acesso à justiça e formas de representação jurídica feminina nos tribunais eclesiásticos em Lisboa. Bolseira da FCT, Mariana Meneses Muñoz integra o projecto «RESISTANCE: Rebelião e Resistência nos Impérios Ibéricos, séculos XVI-XIX)» e o projecto «EDGES: Introduzindo Conhecimentos Indígenas nas Universidades». O seu trabalho centra-se em discursos, representações e comportamentos morais e jurídicos quotidianos de pessoas não pertencentes às elites, estudando processos inquisitoriais na Península Ibérica e em contextos coloniais durante os séculos XVI e XVII, integrando metodologias dos estudos de género.
Data de publicação: 16 janeiro de 2026
Episódio 7
Media e «inteligência artificial», com Catarina Rodrigues
Catarina Rodrigues conversa sobre as consequências da presença generalizada da chamada «inteligência artificial» nos indivíduos e na sociedade, lembrando que a «máquina», as tecnologias e os algoritmos não são neutros nem objetivos, sendo utilizados na tomada de decisões que têm um enorme impacto, como despedimentos, a atribuição de subsídios ou de trabalho a partir de plataformas digitais ou mesmo em mensagens de incitamento ao ódio e à violência. A investigadora colaboradora do CHAM aborda ainda a assimetria da estrutura de poder entre os indivíduos e quem guarda os seus dados, o papel dos meios de comunicação social neste cenário e a importância da literacia para os media.
Catarina Rodrigues é Professora Associada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade dos Açores e directora do curso de Comunicação e Relações Públicas desta instituição. É investigadora integrada do LabCom – Laboratório de Comunicação da Universidade da Beira Interior (UBI) e colaboradora do CHAM – Centro de Humanidades (UAc). É doutorada em Ciências da Comunicação pela UBI. Entre outros temas, tem pesquisado sobre jornalismo e novos media. Actualmente é membro do projeto MemNews – História oral e memória(s) das práticas de consumo e receção noticiosa e da experiência das notícias em Portugal a partir dos testemunhos dos cidadãos.
Data de publicação: 30 janeiro de 2026
Episódio 8
«Breve introdução às…» mobilidades, com Pablo Hernández Sau
Mobilidade não é sinónimo de «movimento», explica Pablo Hernández Sal. Trata-se, sim, de uma «experiência subjetiva e culturalmente determinada de uma deslocação». Referindo teóricos como Jason De León, Rosa Salzburg, Noel Salazar, Mimi Sheller ou Ana Struillou, o historiador defende que «a forma como se pensa, se fala ou se representa o próprio movimento é altamente contextual» e argumenta que o «novo paradigma da mobilidade» permite desnacionalizar o discurso histórico e compreender como as experiências de movimento influenciam a política, a produção cultural e os processos sociais. «Uma mulher sozinha não se mexe na cidade da mesma maneira que um homem ou, no caso de ser mãe, pensa sobre a sua deslocação tendo em conta o tempo de outros seres dependentes», reflecte. A entrevista é conduzida por Isabel Araújo Branco.
Pablo Hernández Sau é historiador, investigador colaborador do CHAM-Centro de Humanidades e faz parte do pessoal docente investigador da Universidad Pablo de Olavide, em Sevilha. Especializou-se no mundo ibérico do século XVIII, com particular interesse na forma como o movimento de pessoas, mercadorias e ideias e as tentativas de as controlar por parte do poder moldaram os impérios espanhol e português durante esse período. Em 2025, desenvolveu no CHAM o projecto «RIVER-SCAPES. Política de mobilidade nas vias navegáveis coloniais ibéricas (1750-1840)» (Bolsa Marie Skłodowska-Curie), investigando regimes e políticas de mobilidade ao longo de dois rios coloniais ibéricos, o Mississipi e o Zambeze. Doutorado no Instituto Universitário Europeu, Hernández Sau desenvolveu pós-doutoramentos também na Universidade de Manchester, Instituto de Estudos Avançados de Madrid e Universidade Pompeu Fabra.
Data de publicação: 13 fevereiro de 2026