23
Jan
2024
A propaganda ideológica do Franquismo espanhol e o Salazarismo português através do filme "Inês de Castro" (1944-1945)
Apresentação
16:00 às 18:00
Campus de Campolide
Película de Interés Nacional
A propaganda ideológica do Franquismo espanhol e o Salazarismo português através do filme Inês de Castro (1944-1945)

 

Nesta sessão do ciclo O Passado em Cena analisar-se-á a longa-metragem Inês/Inés de Castro, uma coprodução luso-espanhola da qual foram realizadas duas versões diferentes em 1944-1945. Trata-se de um filme que já foi objeto de vários estudos relevantes por especialistas de diversas áreas de conhecimento, entre as quais História Contemporânea e História do Cinema (Dahl 2007; Folgar de la Calle 1998; 1999; 2006; Jordão 2014; Pinto 2015; Serrano Sempere 2012; Williams 2002). A oportunidade de consultar novas fontes documentais permite revisitar esta obra com o objetivo principal de produzir novo conhecimento sobre os vários factores que promoveram e determinaram a produção deste filme em Espanha e Portugal na década de 1940, bem como desvendar a utilização de o passado medieval, através desta narrativa cinematográfica, no seio dos dois regimes ditatoriais em vigor, o Salazarismo português e o Franquismo espanhol. As questões que norteiam a investigação são três: 1) Porque foi escolhido o mito inesiano como tema a filmar no âmbito da colaboração cinematográfica entre Espanha e Portugal na década de 1940? 2) Até que ponto a adaptação cinematográfica desta narrativa pode ter servido como ferramenta de propaganda ideológica para os regimes ditatoriais vigentes em ambos os lados da fronteira? 3) Até que ponto esta adaptação foi homogénea ou diversa para cada um dos dois regimes? Para responder a estas questões, analisar-se-á, numa primeira instância, o intercâmbio cinematográfico luso-espanhol na área em que se realizou a produção deste filme. A seguir, será abordado o projeto deste filme, os principais agentes responsáveis pela sua produção, a elaboração da sua narrativa cinematográfica e a análise comparativa das duas versões que dele foram feitas.

 

Oradora: Alicia Miguélez (IEM — NOVA FCSH)
Comentadores: Pedro Martins (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST) e Manuel Mozos (ANIM — Cinemateca Portuguesa)

Organização: Instituto de História Contemporânea

CAN, Sala SE1

 

Alicia Miguélez é Professora Auxiliar de arte medieval no Departamento de História da Arte e investigadora no Instituto de Estudos Medievais da NOVA FCSH. Os seus interesses de investigação incluem a cultura visual medieval, com especial foco na representação de emoções e sentimentos; o estudo material das obras de arte, com destaque para a produção de manuscritos iluminados; e o uso/s do passado medieval em épocas moderna e contemporânea. Tem publicado até a data duas monografias (Actitudes gestuales en la iconografía del románico peninsular hispano, León, 2007; Gesto y gestualidad en la iconografía románica de la Península Ibérica, Madrid, 2010) e vários capítulos de livros e artigos científicos. Tem co-editado dois volumes coletivos (Portuguese Studies on Medieval Illuminated Manuscripts, ed. Adelaide Miranda and Alicia Miguélez, Brepols, 2014; Medieval Europe in Motion: La circulación de manuscritos iluminados en la Península Ibérica, ed. Alicia Miguélez and Fernando Villaseñor, Madrid: CSIC, 2018) e dois números monográficos (Looking Ahead: Interdisciplinary Approaches to Medieval Iberian Heritage, Journal of Medieval Studies, 8.2, 2016; Connecting the Dots: New Research Paradigms for Iberian Manuscripts as Material Objects, Edited by Alicia Miguélez Cavero, Elsa De Luca, and Erika Loic, Journal of Medieval Studies, 14.1, 2022). Actualmente, está a desenvolver uma linha de investigação sobre a representação da Idade Média no cinema, resultado do qual é a co-edição do livro CIne-Medievalismos (Iberoamericana Vervuert, previsto para 2024) e a co-curadoria de duas mostras de cinema sob o título “Luz e Sombra. Representações da Idade Média no Cinema”, celebradas em Lisboa (Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, 2022) e Madrid (Círculo de Bellas Artes/Filmoteca Española, 2023).

Pedro Martins é investigador integrado do Instituto de História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa / IN2PAST — Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território. Em 2011, concluiu uma dissertação de mestrado pela NOVA FCSH dedicada à história do turismo balnear em Portugal. É doutorado em História Contemporânea pela mesma instituição e pela Kultur- und Sozialwissenschaftliche Fakultät – Universität Luzern (Suíça), tendo defendido a tese “History, Nation and Politics: The Middle Ages in Modern Portugal (1890-1947)” em 2016. Além de diversas publicações relacionadas com a história do turismo e do medievalismo, tem colaborado em projetos de investigação focados em temas como a história da descolonização, do trabalho infantil ou do cinema. Neste momento trabalha como gestor editorial no IHC – NOVA FCSH, sendo membro da Comissão Coordenadora da Imprensa de História Contemporânea e gestor editorial da revista Práticas da História. Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past, lançada em 2015.

Manuel Mozos nasceu em Lisboa em 1959. Frequentou o curso de Cinema de 1981 a 1984, na Escola Superior de Teatro e Cinema. Trabalhou como montador, argumentista, anotador e assistente de realização. Em 1989 realizou o seu primeiro filme. Desde então, realizou mais de vinte filmes, entre ficção e documentário, curtas e longas-metragens. Colabora assiduamente com publicações, escolas, institutos, universidades, associações culturais e de cinema, cineclubes e festivais. Desde 2002, trabalha na Cinemateca Portuguesa como técnico superior no ANIM.

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