Crianças e jovens confiantes em lidar com riscos na internet

Mais de dois terços das crianças e jovens portugueses indicam saber reagir sempre ou muitas vezes a comportamentos de que não gostam na Internet, indica o estudo europeu EU Kids Online, em Portugal coordenado por Cristina Ponte, docente da NOVA FCSH. Entre as situações que incomodam os mais novos incluem-se o cyberbullying, conteúdos prejudiciais, mau uso de dados pessoais, uso excessivo da Internet, mensagens de sexting e encontros com pessoas conhecidas online, segundo inquéritos realizados em 19 países europeus junto de mais de 25 mil crianças e jovens. Os dados são revelados hoje, no Dia da Internet Segura (11 de fevereiro).

Atualmente, a maioria das crianças e jovens usa o smartphone para se ligar à internet “várias vezes por dia” ou “todos os dias ou quase”, resultado que mostra uma subida substancial no uso de telemóveis e no acesso à internet em relação a 2010. Em Portugal, o tempo que passam online mais do que duplicou.

A proporção de crianças e jovens europeus que ficaram incomodados no último ano com situações que ocorreram na internet vai de sete por cento (Eslováquia) a 45 por cento (Malta). A maioria assinalou que isso aconteceu ocasionalmente. Em Portugal, 23 por cento referiram ter tido situações que incomodaram no último ano; para cinco por cento isso aconteceu pelo menos uma vez por mês.

Entre cinco por cento (França) e 25 por cento (Sérvia) dos inquiridos assinalam ter tido encontros cara a cara com pessoas que tinham conhecido online. Para a maioria, esses encontros foram positivos: entre 52 por cento (Eslováquia) e 86 por cento (Roménia) referem ter ficado contentes depois do encontro; Portugal ficou perto do topo, com 84 por centro. Na maioria dos países, entre os quais Portugal, menos de cinco por cento dos inquiridos que tiveram esses encontros ficaram bastante incomodados, e isso aconteceu sobretudo com os mais novos.

Para Cristina Ponte, “estes resultados (…) ajudam a conhecer de que modo crianças e jovens portugueses se consideram enquanto utilizadores digitais e qual tem sido a influência da intervenção da família e da escola em matéria de segurança e de aquisição de competências. Seria muito bom que estes resultados sobre riscos e oportunidades fossem discutidos, em casa e na escola, com crianças e jovens para ouvir as suas razões por detrás dos números”, afirma a docente do Departamento de Ciências da Comunicação.

O projeto EU Kids Online assenta numa rede multinacional de investigação que por objetivo fortalecer o conhecimento sobre as oportunidades, riscos e segurança digital das crianças europeias.

O relatório completo está disponível aqui.