13
Set
2023
Data: 13 Set 2023 a 8 Mai 2024
Horário: quartas-feiras das 18h00 às 21h00
Duração: 12h | 1 ECTS / Módulo
Área: História da Arte e Estudos Artísticos
Docente responsável: Rui Vieira Nery
Docente: Inês Thomas Almeida
Acreditação pelo CCPFC: Não
ensino e-learning
Este curso vai ser lecionado na modalidade de ensino e-learning

 

Objetivos

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  • Resgatar do esquecimento grandes compositoras, que pelo seu talento, produção e influência, merecem um lugar de destaque na História da Música;
  • Situar, para cada época e estilo da música ocidental, vários exemplos de grandes compositoras, cuja obra, apesar de ombrear com a dos seus congéneres masculinos, permanece praticamente desconhecida;
  • Entender os processos e os mecanismos (voluntários e involuntários) que impediram ou dificultaram, durante décadas e mesmo séculos, o conhecimento sobre a existência, a ação e a influência destas mulheres, remetendo-as ao esquecimento e até mesmo ao silenciamento das suas obras;
  • Fomentar a disseminação e a circulação de conhecimento sobre mulheres compositoras, sua importância e papel de relevo.

 

Programa

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Nas últimas décadas, tem havido um interesse crescente no estudo das mulheres no passado, no seu papel na sociedade, e na sua agência política e económica mais ampla. Os Estudos de Mulheres têm mostrado como é importante olhar com atenção as ações e as narrativas das mulheres, e assim corrigir algumas visões androcêntricas, que tomavam a produção masculina como medida-padrão para todas as manifestações científicas, culturais e intelectuais do ser humano. No que diz respeito à música, os estudos musicológicos têm trazido à tona, nas últimas décadas, inúmeros exemplos de mulheres compositoras, que ultrapassam largamente a curiosidade pontual e cuja existência se desconhecia ou menorizava. Estas investigações mostram que ausência parcial ou total de compositoras nos compêndios de História da Música se deve não a uma suposta falta de inclinação feminina para a composição, mas sim a fenómenos de opressão e discriminação das mulheres e a uma tradicional falta de interesse pela produção musical no feminino, que urge corrigir. Com efeito, as compositoras não só existiram em todas as épocas, como tiveram muitas vezes um papel de destaque na sociedade do seu tempo, fazendo concertos, publicando obras e recebendo encomendas, quer fosse na corte, nos conventos ou como profissionais liberais, abarcando todos os géneros da composição musical, desde a música sacra à música de câmara, óperas e sinfonias. Neste curso, serão apresentadas várias dezenas de compositoras contextualizadas no seu tempo, utilizando a periodização vigente em História da Música. Falar-se-á também das razões que levaram ao esquecimento ou mesmo silenciamento de muitas delas, cuja reavaliação histórica está ainda por fazer. Além do enfoque principal dado às mulheres compositoras, serão também mencionadas as mulheres mecenas e as mulheres críticas de música, bem como o papel das redes de mulheres, que existiram em todos os tempos como importante fator na proteção e promoção da atividade musical de todas as restantes.

 

1º Semestre

MÓDULO

ÁREA TEMÁTICA

DOCENTE (S)

DATAS

Mulheres compositoras da Idade Média ao Renascimento (sécs.VIII-XVI)

Porquê estudar compositoras? Desafios metodológicos

Compositoras no Mundo Antigo: escravas e senhoras

Compositoras na Baixa Idade Média: os troubadours e as troubairitz

Os conventos femininos: clausura e liberdade

Novas estratégias renascentistas: das cortes palacianas às primeiras edições impressas

 

Inês Thomas Almeida

setembro: 13; 20 e 27

outubro: 4

Mulheres compositoras no período barroco

(1600-1750)

Compositoras de corte.

Entraves e proximidades: os desafios da música orquestral.

O nascimento da ópera e a ópera escrita por mulheres.

Compositoras na corte de Luís XIV.

A ascensão da burguesia e as novas possibilidades da composição no feminino.

Redes de mulheres no circuito europeu da produção musical feminina.

Um caso português: as monjas músicas do Porto.

Inês Thomas Almeida

 

outubro: 11; 18 e 25

novembro: 08

Mulheres compositoras no período clássico

(1750-1800)

A explosão da sociabilidade e seus efeitos na visibilidade das mulheres compositoras.

Meninas-prodígio: das tournées circenses aos concertos públicos.

Obras de compositoras no classicismo vienense.

Compositoras entre as formas miniatura e as grandes peças orquestrais.

Os desafios da profissionalização.

Conquistando novos saberes: mulheres na construção de instrumentos musicais.

Inês Thomas Almeida

 

novembro: 15; 22 e 29

dezembro: 06

 

2º Semestre

 

MÓDULO

ÁREA TEMÁTICA

DOCENTE(S)

DATAS

Mulheres compositoras no século XIX

(1800-1900)

Música doméstica e música de concerto.

Conquistando novos espaços: as revistas femininas e a afirmação da composição no feminino.

A atividade concertística na disseminação da própria produção musical.

Casos paradigmáticos de falsas atribuições.

As orquestras femininas.

O pós-romantismo e a luta pela afirmação feminina.

compositoras em Viena, Paris, Berlim e Lisboa.

Inês Thomas Almeida

 

fevereiro: 14; 21 e 28

março: 06

Mulheres compositoras no modernismo

(1900-1950)

“O perigo rosa”: mulheres nos conservatórios e a luta pelo acesso à aprendizagem musical.

Forçando a visibilidade: Mulheres nos concursos de composição.

Várias lutas numa só: Compositoras clássicas afro-americanas.

Compositoras antes, durante e depois das guerras: modernismo, expressionismo e neoclassicismo.

Para lá da musa inspiradora: compositoras portuguesas na primeira metade do século XX.

 

 

Inês Thomas Almeida

 

março: 13;20 e 27

abril: 03

Mulheres compositoras no pós-modernismo e atualidade
(1950-século XXI)

Da segunda metade do século XX até aos nossos dias.

Compositoras portuguesas e a importância da Fundação Calouste Gulbenkian.

Orquestras, festivais e atavismos: compositoras nos circuitos de produção.

Quebrando barreiras: mulheres compositoras no pós-modernismo, poliestilismo e outros novos ismos.

O crossover e a diluição das fronteiras.

Os desafios da contemporaneidade.

O caminho por fazer.

 

Inês Thomas Almeida

 

 

abril: 10; 17 e 24

maio: 08

 

BIBLIOGRAFIA

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  • Laleu, Aliette de, 2022. Mozart était une femme: Histoire de la musique classique au féminin. Paris: Éditions Stock.
  • Mathias, Rhiannon, ed. 2021. The Routledge Handbook of Women’s Work in Music. London & New York: Routledge
  • Hamer, L., ed. 2021. The Cambridge Companion to Women in Music since 1900. Cambridge: Cambridge University Press.
  • Parsons, Laurel, e Brenda Ravenscroft, 2019. Analytical Essays on Music by Women Composers: Secular & Sacred Music to 1900. Reprint Edition. New York: Oxford University Press Inc.
  • Bowers, Jane M., e Tick, Judith, 1987. Women Making Music: The Western Art Tradition, 1150-1950. Urbana e Chicago: University of Illinois Press.

 

docentes

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Rui Vieira Nery é musicólogo, professor associado da Universidade Nova de Lisboa e investigador do INET-md. Doutorou-se em Musicologia pela Universidade do Texas em Austin. Na Fundação Calouste Gulbenkian foi Diretor-Adjunto do Serviço de Música, Diretor do Programa Gulbenkian Educação para a Cultura e Diretor do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas. É autor de diversos estudos sobre História da Música Portuguesa, dois dos quais receberam o Prémio de Ensaísmo Musical do Conselho Português da Música, bem como de largo número de artigos científicos publicados em revistas e obras coletivas especializadas, tanto portuguesas como internacionais. Foi condecorado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique por serviços prestados à Cultura portuguesa e com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa. Foi Comissário Nacional para as Comemorações do Centenário da República e Presidente da Comissão Científica da candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade.https://ifilnova.pt/pessoas/alexandra-dias-fortes/

Inês Thomas Almeida é musicóloga, doutorada em Ciências Musicais Históricas pela Universidade Nova de Lisboa (2021). Investigadora no Instituto de Estudos de Literatura e Tradição com uma bolsa Pós-Doc da FCT no Projeto RELIT-ROM. Membro da Sociedade Austríaca de Investigação no Século XVIII, para a qual desenvolve presentemente o projeto ÖGE18 Bücherkiste Update de divulgação científica de livros sobre temas da investigação no século XVIII. Investigadora do projeto AVEMUS –
Música em estilo concertante no antigo Real Mosteiro de São Bento da Avé-Maria do Porto (1764-1834), financiado pela FCT, sobre a atividade musical das monjas deste convento. Tem vários artigos publicados em revistas científicas da especialidade e mantém uma intensa atividade quer como conferencista, quer como divulgadora musical na Fundação Calouste Gulbenkian e no Teatro Nacional de São Carlos. Professora convidada no Doutoramento em Estudos de Género da Universidade Nova de
Lisboa em parceria com a Universidade de Lisboa. Comissária-Adjunta da exposição Madalena de Azeredo Perdigão (1923-1989): vamos correr riscos (Fundação Calouste Gulbenkian, 2023) e co-autora do livro Vamos correr riscos: textos escolhidos de Madalena de Azeredo Perdigão (Tinta da China, 2023).

 

PREÇÁRIO

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Por Módulo – Público em geral: 75€* | Estudantes NOVA FCSH 2023/2024 (licenciaturas, mestrados e doutoramentos): 60€ | Alumni NOVA FCSH/Estudantes de outras instituições de ensino superior: 60€*

*Acresce ao  valor o seguro escolar – 7 euros.

 

NÚMERO DE CRÉDITOS (MEDIANTE AVALIAÇÃO)

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  • Para estudantes universitários: 1 ECTS / Módulo (European Credit Transfer and Accumulation System)

 

Regime de avaliação

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Regime à distância, prova escrita.

NOTA: Os estudantes que queiram ser avaliados e obter o crédito ECTS, deverão informar no início de cada módulo o docente dessa opção. Os estudantes que assistam a pelo menos a 3/4 das sessões podem pedir um certificado de participação [6 €].

 

INSCRIÇÃO

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Até 6 dias úteis antes do início de cada módulo.

  • Centro Luís Krus – Formação ao Longo da Vida
  • Cursos Livres de Longa Duração