Literatura de Mulheres e Resistências Literárias
Este curso vai ser lecionado na modalidade de ensino e-learning
Objetivos
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- Analisar a escrita de mulheres contemporâneas a viver em Portugal e no Brasil;
- Identificar as estratégias literárias de representação da resistência relacionadas com a condição da mulher em Portugal e no Brasil;
- Comparar as especificidades, as preocupações e as temáticas nos textos selecionados;
Programa
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O presente curso visa promover uma leitura crítica de recentes obras literárias escritas por mulheres, com particular ênfase na escrita de mulheres racializadas portuguesas e brasileiras, sensibilizando para diferentes estratégias literárias de representação O curso está estruturado em dois semestres, sendo cada um lecionado por uma docente diferente. Enquanto o primeiro semestre se centra na literatura escrita por mulheres portuguesas, o segundo semestre analisa e discute textos literários escritos por mulheres brasileiras. O curso centra-se nas diferentes estratégias de representação de formas de resistência utilizadas na escrita de autoria feminina, colocando em confronto as diferentes condicionantes da situação da mulher em sociedade.
Módulo 1: Introdução à literatura afro-brasileira e periférica escrita por mulheres.
O módulo visa oferecer uma primeira panorâmica sobre a literatura brasileira de autoria negra e periférica, com particular atenção aos textos escritos por mulheres. Debater-se-á o lugar da mulher negra e periférica autora e o seu papel na sociedade. O objetivo do módulo é proporcionar uma visão de conjunto das estratégias literárias utilizadas na literatura negra. Este módulo pretende servir de introdução teórica à discussão dos textos analisados nos módulos seguintes.
Bibliografia
- Davis, Angela. Mulheres, raça e classe. Ed. Boitempo, 2016.
- hooks, bell. Teoria feminista. Da margem ao centro. Ed. Perspectiva, 2019.
- Ribeiro, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro. Companhia das Letras, 2018.
Módulo 2: A experiência da mulher negra no Brasil: a reescrita da história e reivindicação da identidade.
Este módulo foca-se em autoras cujos textos vidam oferecer uma revisão da história do país através os olhos de protagonistas negras. Os textos analisados baseiam as suas narrativas na experiência da mulher e da comunidade negra e podem funcionar como plataforma de reivindicação da identidade negra brasileira, ao mesmo tempo que proporcionam uma versão alternativa da realidade nacional.
Bibliografia
- Guimarães, Geni. A cor da ternura. Ed. FTD, 1991.
- Gonçalves, Ana Maria. Um defeito de cor. Ed. Record, 2006.
- Evaristo, Conceição. Becos da memória. Pallas Editora, 2006.
- Vieira, Lia. Só as mulheres sangram. Ed. Nandyala, 2011.
Módulo 3: Ancestralidade, resistência e praxis decolonial: a literatura escrita por mulheres indígenas.
O módulo visa apresentar os contributos literários de mulheres brasileiras indígenas contemporâneas. Partindo da ideia que “a representação da mulher indígena na sociedade não índia foi articulada, desde a colonização, com requintes de malícia, discriminação, brutalidade, preconceito” (Graúna 2013, 102), as obras das autoras selecionadas são concebidas como prática decolonial. Neste módulo debater-se-ão as perspetivas e as perceções do mundo proporcionadas por autoras de descendência indígena, sendo que estas são interpretadas como inovadoras para o sistema literário consagrado, e para uma prática decolonial que coloca em questão a responsabilidade dos legados do passado colonial e imperial a ser gerida no Brasil.
Bibliografia
- Graúna, Graça. Contrapontos da literatura indígena brasileira contemporânea. 2013.
- Kambeba, Márcia Wayna. O lugar do saber. 2018.
- Mignolo, Walter; Walsh, Catherine B. On Decoloniality. Concepts, analytics, praxis. Duke University Press. 2018.
- Potiguara, Eliana. Metade cara, metade máscara. Grumin Edições. 2004.
- Puri, Zélia. Memórias de vida, ancestralidade. 2020.
Teles, Tayson Ribeiro (org.). Língua(gens), literaturas, culturas, identidades e direitos indígenas no Brasil: análises, reflexões e Perspectivas. Bagai. 2021. - Vieria, Fernanda. Crónicas ordinárias. Macabéa Edições. 2017.
Módulo 4: Filhas do Império e Tempos Pós-Coloniais.
Este módulo centra-se na construção da voz e da experiência portuguesa afrodescendente em vários textos ficcionais de autoras portuguesas afrodescendentes contemporâneas, identificando diferentes configurações poético-literárias de representações de resistência. Partindo de textos de autores como Sadyia Hartman (2008) e Michael Rothberg (2009), problematizam-se rasuras das subjetividades negras nas narrativas de memória hegemónicas e os movimentos de retorno. Os textos analisados e debatidos são de diferentes autoras afrodescendentes cujas narrativas introduzem a experiência e a voz das filhas do império se integram na sociedade portuguesa, multicultural e póscolonial.
Bibliografia
- Almeida, Djaimilia Pereira. Luanda, Lisboa, Paraíso, Companhia de Letras, 2018.
- Almeida, Djaimilia Pereira. Três Histórias de Esquecimento. Relógio de Água, 2022.
- Hartman, Saidiya. “Venus in Two Acts.” Small Axe, vol. 12 no. 2, 2008, p. 1-14.
- Gomes, Aida. Os Pretos de Pousaflores. Dom Quixote, 2017.
- Monteiro, Yara. Essa dama bate bué. Guerra e Paz, 2018.
- Rothberg, Michael. Multidirectional Memory: Remembering the Holocaust in the Age of Decolonization. Stanford University Press, 2009.
- Semedo, Luísa. O canto da moreia. Coolbooks, 2019.
Módulo 5: Pensamento Decolonial e Resistências.
Partindo de textos de Walter D. Mignolo, explora-se o pensamento decolonial em obras literárias. Este módulo foca-se, principalmente, em obras coletivas publicadas em Portugal, em que participam autoras portuguesas afrodescendentes, afro-brasileiras e brasileiras de ascendência indígena. São textos poéticos escritos a partir das suas vivências em Portugal. Problematizam-se diferentes questões como a visão eurocêntrica da história colonial e gramáticas decoloniais para interpretar o mundo.
Bibliografia
- Coelho, Alexandra Lucas. Deus-dará. Editorial Caminho, 2022.
- Carvalho, A. de, Fernandes, C, Lima, C. et al. Djidiu: A Herança de Ouvido. Pref. Cristina Roldão, Vadaescrevi, 2017.
- Melo, Manuella Bezerra de e Vaz, Wladimir (Orgs). Volta para a Tua Terra: Uma Antologia Antirracista/Antifascista de Escritoras Estrangeiras em Portugal, vol.2. Urutau, 2022.
- Volta para a Tua Terra: Uma Antologia Antirracista/Antifascista de Poetas Estrangeirxs em Portugal. Urutau, 2021.
- Mignolo, Walter D. Desafios decoloniais hoje. Revista Epistemologias do Sul, 1(1), 12– 32, 2017.
- ’Epistemic Disobedience’: the de-colonial option and the meaning of identity in politics. Gragoatá, 12(22), 2007.
Módulo 6: Cosmopolitismo e Resistências.
Neste módulo, exploram-se vozes minoritárias presentes em Portugal, de autoria cigana e brasileiras de origem indígena. Este módulo continua algumas das problemáticas analisadas no módulo precedente, e analisa diferentes obras individuais para problematizar o conceito de cosmopolitismo e as diferentes rasuras históricas que vozes minoritárias têm estado sujeitas.
Bibliografia
- Appiah, Kwame Anthony. Cosmopolitanism – Ethics in a World of Strangers. W.W. Norton, 2006.
- Lima, Ellen. Ixé Ygara Voltando Pra’Y’Kûa (sou canoa voltando pra enseada do rio). Urutau, 2021.
- Mariano, Olga. Pedaços de Mim. ACM/Agarrar Exemplos, 2021.
- Mignolo, Walter D. Desafios decoloniais hoje. Revista Epistemologias do Sul, 1(1), 12– 32, 2017.
- ’Epistemic Disobedience’: the de-colonial option and the meaning of identity in politics. Gragoatá, 12(22), 2007.
Quijano, Aníbal. “Colonialidad del poder, cultura y conocimimento en América Latina”. Ecuador Debate, no. 44, Centro Andino de Acción Popular CAAP, Quito, agosto de 1998, pp. 227-238. - Ribeiro, Samara. A Estrangeira. In: Resistências Escritas. Editora Lua Azul, 2019.
1º Semestre
MÓDULO |
ÁREA TEMÁTICA |
DOCENTE (S) |
DATAS |
A experiência da mulher negra e periférica no Brasil |
Literatura brasileira de autoria feminina negra e periférica |
Federica Lupati |
setembro: 28 outubro: 05; 12 e 19 |
A experiência da mulher negra no Brasil: a reescrita da história e reivindicação da identidade |
Literatura Afro-Brasileira |
Federica Lupati |
outubro: 26 novembro: 02; 09 e 16 |
Ancestralidade, resistência e praxis descolonial: a literatura escrita por mulheres indígenas |
Literatura brasileira escrita por mulheres indígenas |
Federica Lupati |
novembro: 23 e 30 dezembro: 07 e 14 |
2º Semestre
MÓDULO |
ÁREA TEMÁTICA |
DOCENTE(S) |
DATAS |
Filhas do Império e Tempos Pós-Coloniais |
Literatura portuguesa de autoria afrodescendente |
Margarida Rendeiro |
fevereiro: 14; 21 e 28 março: 07 |
Pensamento Descolonial e Resistências |
Literatura em Língua Portuguesa |
Margarida Rendeiro
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março: 14 e 21 abril: 04 e 11 |
Cosmopolitismo e Resistências |
Literatura em Língua Portuguesa |
Margarida Rendeiro
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abril: 18 maio: 02; 09 e 16
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docentes
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Federica Lupati é doutorada em Estudos Portugueses pela Universidade NOVA de Lisboa. É investigadora integrada do CHAM – Centro de Humanidades. Para a sua pesquisa de doutoramento focou-se nos representantes femininos do rap feito em Portugal e no Brasil, visando debater o seu posicionamento sendo mulheres dentro dum contexto protagonizado pela masculinidade, bem como o seu papel de produtoras culturais, ativistas e como indivíduos afrodescendentes. Em 2019, co-editou o volume Challenging Memories and Rebuilding Identities: Literary and Artistic Voices that undo the Lusophone Atlantic (Routledge, 2019), com Margarida Rendeiro. De momento, os seus interesses abrangem uma ampla gama de temas, todos ligados ao feminino negro. A estes juntam-se os ligados à identidade e produção de mulheres indígenas, especialmente no Brasil, bem como às práticas não-canónicas e mais em geral às culturas de resistências. É investigadora contratada para a equipa do projeto
WomenLit.
Margarida Rendeiro é investigadora integrada no Centro de Humanidades do CHAM da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Coordenadora do Grupo Cultura e Literatura. Doutorada em Estudos Portugueses pela Universidade King’s College, em Londres (2008). Os seus interesses de investigação centram-se nos estudos culturais e literários contemporâneos de expressão portuguesa. Organizou, em conjunto com Federica Lupati, Challenging Memories and Rebuilding Identities (Routledge, 2019) e é autora de The Literary Institution in Portugal: An Analysis Under Special Consideration of the Publishing Market (Peter Lang, 2010). É membro do Conselho Editorial da revista Práticas da História. Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past. É Investigadora Responsável do projeto WomenLit – Literatura de Mulheres: Memórias, Periferias e Resistências no Atlântico Luso-Afro-Brasileiro (PTDC/LLT-LES/0858/2021), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)
PREÇÁRIO
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Por Módulo – Público em geral: 75€* | Estudantes NOVA FCSH 2023/2024 (licenciaturas, mestrados e doutoramentos): 60€ | Alumni NOVA FCSH/Estudantes de outras instituições de ensino superior: 60€*
**Acresce ao valor o seguro escolar – 7 euros.
NÚMERO DE CRÉDITOS (MEDIANTE AVALIAÇÃO)
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- Para estudantes universitários: 1 ECTS / Módulo (European Credit Transfer and Accumulation System)
Regime de avaliação
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- 25% participação na discussão em contexto de aula e 75% um ensaio escrito no final do curso/módulo.
NOTA: Os estudantes que queiram ser avaliados e obter o crédito ECTS, deverão informar no início de cada módulo o docente dessa opção. Os estudantes que assistam a pelo menos a 3/4 das sessões podem pedir um certificado de participação [6 €].
INSCRIÇÃO
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Até 6 dias úteis antes do início de cada módulo.
- Online através da plataforma inforestudante;