28
Set
2023
Data: 28 Set 2023 a 16 Mai 2024
Horário: quintas-feiras das 17h30 às 20h30
Duração: 12h | 1 ECTS / Módulo
Área: Línguas, Literaturas e Culturas
Docente: Federica Lupati
Docente: Margarida Rendeiro- Docentes Responsável
Acreditação pelo CCPFC: Não
ensino e-learning
Este curso vai ser lecionado na modalidade de ensino e-learning

 

Objetivos

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  • Analisar a escrita de mulheres contemporâneas a viver em Portugal e no Brasil;
  • Identificar as estratégias literárias de representação da resistência relacionadas com a condição da mulher em Portugal e no Brasil;
  • Comparar as especificidades, as preocupações e as temáticas nos textos selecionados;

 

Programa

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O presente curso visa promover uma leitura crítica de recentes obras literárias escritas por mulheres, com particular ênfase na escrita de mulheres racializadas portuguesas e brasileiras, sensibilizando para diferentes estratégias literárias de representação O curso está estruturado em dois semestres, sendo cada um lecionado por uma docente diferente. Enquanto o primeiro semestre se centra na literatura escrita por mulheres portuguesas, o segundo semestre analisa e discute textos literários escritos por mulheres brasileiras. O curso centra-se nas diferentes estratégias de representação de formas de resistência utilizadas na escrita de autoria feminina, colocando em confronto as diferentes condicionantes da situação da mulher em sociedade.

Módulo 1: Introdução à literatura afro-brasileira e periférica escrita por mulheres.

O módulo visa oferecer uma primeira panorâmica sobre a literatura brasileira de autoria negra e periférica, com particular atenção aos textos escritos por mulheres. Debater-se-á o lugar da mulher negra e periférica autora e o seu papel na sociedade. O objetivo do módulo é proporcionar uma visão de conjunto das estratégias literárias utilizadas na literatura negra. Este módulo pretende servir de introdução teórica à discussão dos textos analisados nos módulos seguintes.

Bibliografia

  • Davis, Angela. Mulheres, raça e classe. Ed. Boitempo, 2016.
  • hooks, bell. Teoria feminista. Da margem ao centro. Ed. Perspectiva, 2019.
  • Ribeiro, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro. Companhia das Letras, 2018.

Módulo 2: A experiência da mulher negra no Brasil: a reescrita da história e reivindicação da identidade.

Este módulo foca-se em autoras cujos textos vidam oferecer uma revisão da história do país através os olhos de protagonistas negras. Os textos analisados baseiam as suas narrativas na experiência da mulher e da comunidade negra e podem funcionar como plataforma de reivindicação da identidade negra brasileira, ao mesmo tempo que proporcionam uma versão alternativa da realidade nacional.

Bibliografia

  • Guimarães, Geni. A cor da ternura. Ed. FTD, 1991.
  • Gonçalves, Ana Maria. Um defeito de cor. Ed. Record, 2006.
  • Evaristo, Conceição. Becos da memória. Pallas Editora, 2006.
  • Vieira, Lia. Só as mulheres sangram. Ed. Nandyala, 2011.

Módulo 3: Ancestralidade, resistência e praxis decolonial: a literatura escrita por mulheres indígenas.

O módulo visa apresentar os contributos literários de mulheres brasileiras indígenas contemporâneas. Partindo da ideia que “a representação da mulher indígena na sociedade não índia foi articulada, desde a colonização, com requintes de malícia, discriminação, brutalidade, preconceito” (Graúna 2013, 102), as obras das autoras selecionadas são concebidas como prática decolonial. Neste módulo debater-se-ão as perspetivas e as perceções do mundo proporcionadas por autoras de descendência indígena, sendo que estas são interpretadas como inovadoras para o sistema literário consagrado, e para uma prática decolonial que coloca em questão a responsabilidade dos legados do passado colonial e imperial a ser gerida no Brasil.

Bibliografia

  • Graúna, Graça. Contrapontos da literatura indígena brasileira contemporânea. 2013.
  • Kambeba, Márcia Wayna. O lugar do saber. 2018.
  • Mignolo, Walter; Walsh, Catherine B. On Decoloniality. Concepts, analytics, praxis. Duke University Press. 2018.
  • Potiguara, Eliana. Metade cara, metade máscara. Grumin Edições. 2004.
  • Puri, Zélia. Memórias de vida, ancestralidade. 2020.
    Teles, Tayson Ribeiro (org.). Língua(gens), literaturas, culturas, identidades e direitos indígenas no Brasil: análises, reflexões e Perspectivas. Bagai. 2021.
  • Vieria, Fernanda. Crónicas ordinárias. Macabéa Edições. 2017.

Módulo 4: Filhas do Império e Tempos Pós-Coloniais.

Este módulo centra-se na construção da voz e da experiência portuguesa afrodescendente em vários textos ficcionais de autoras portuguesas afrodescendentes contemporâneas, identificando diferentes configurações poético-literárias de representações de resistência. Partindo de textos de autores como Sadyia Hartman (2008) e Michael Rothberg (2009), problematizam-se rasuras das subjetividades negras nas narrativas de memória hegemónicas e os movimentos de retorno. Os textos analisados e debatidos são de diferentes autoras afrodescendentes cujas narrativas introduzem a experiência e a voz das filhas do império se integram na sociedade portuguesa, multicultural e póscolonial.

Bibliografia

  • Almeida, Djaimilia Pereira. Luanda, Lisboa, Paraíso, Companhia de Letras, 2018.
  • Almeida, Djaimilia Pereira. Três Histórias de Esquecimento. Relógio de Água, 2022.
  • Hartman, Saidiya. “Venus in Two Acts.” Small Axe, vol. 12 no. 2, 2008, p. 1-14.
  • Gomes, Aida. Os Pretos de Pousaflores. Dom Quixote, 2017.
  • Monteiro, Yara. Essa dama bate bué. Guerra e Paz, 2018.
  • Rothberg, Michael. Multidirectional Memory: Remembering the Holocaust in the Age of Decolonization.  Stanford University Press, 2009.
  • Semedo, Luísa. O canto da moreia. Coolbooks, 2019.

Módulo 5: Pensamento Decolonial e Resistências.

Partindo de textos de Walter D. Mignolo, explora-se o pensamento decolonial em obras literárias. Este módulo foca-se, principalmente, em obras coletivas publicadas em Portugal, em que participam autoras portuguesas afrodescendentes, afro-brasileiras e brasileiras de ascendência indígena. São textos poéticos escritos a partir das suas vivências em Portugal. Problematizam-se diferentes questões como a visão eurocêntrica da história colonial e gramáticas decoloniais para interpretar o mundo.

Bibliografia

  • Coelho, Alexandra Lucas. Deus-dará. Editorial Caminho, 2022.
  • Carvalho, A. de, Fernandes, C, Lima, C. et al. Djidiu: A Herança de Ouvido. Pref.  Cristina Roldão, Vadaescrevi, 2017.
  • Melo, Manuella Bezerra de e Vaz, Wladimir (Orgs). Volta para a Tua Terra: Uma Antologia Antirracista/Antifascista de Escritoras Estrangeiras em Portugal, vol.2. Urutau, 2022.
  • Volta para a Tua Terra: Uma Antologia Antirracista/Antifascista de Poetas Estrangeirxs em Portugal. Urutau, 2021.
  •  Mignolo, Walter D. Desafios decoloniais hoje. Revista Epistemologias do Sul, 1(1), 12– 32, 2017.
  • ’Epistemic Disobedience’: the de-colonial option and the meaning of identity in politics. Gragoatá12(22), 2007.

Módulo 6: Cosmopolitismo e Resistências.

Neste módulo, exploram-se vozes minoritárias presentes em Portugal, de autoria cigana e brasileiras de origem indígena. Este módulo continua algumas das problemáticas analisadas no módulo precedente, e analisa diferentes obras individuais para problematizar o conceito de cosmopolitismo e as diferentes rasuras históricas que vozes minoritárias têm estado sujeitas.

Bibliografia

  • Appiah, Kwame Anthony. Cosmopolitanism – Ethics in a World of Strangers. W.W. Norton, 2006.
  • Lima, Ellen. Ixé Ygara Voltando Pra’Y’Kûa (sou canoa voltando pra enseada do rio). Urutau, 2021.
  • Mariano, Olga. Pedaços de Mim. ACM/Agarrar Exemplos, 2021.
  • Mignolo, Walter D. Desafios decoloniais hoje. Revista Epistemologias do Sul, 1(1), 12– 32, 2017.
  • ’Epistemic Disobedience’: the de-colonial option and the meaning of identity in politics. Gragoatá, 12(22), 2007.
    Quijano, Aníbal. “Colonialidad del poder, cultura y conocimimento en América Latina”. Ecuador Debate, no. 44, Centro Andino de Acción Popular CAAP, Quito, agosto de 1998, pp. 227-238.
  • Ribeiro, Samara. A Estrangeira. In: Resistências Escritas. Editora Lua Azul, 2019.

 

1º Semestre

MÓDULO

ÁREA TEMÁTICA

DOCENTE (S)

DATAS

A experiência da mulher negra e periférica no Brasil

Literatura brasileira de autoria feminina negra e periférica

 

Federica Lupati

setembro: 28

outubro: 05; 12 e 19

A experiência da mulher negra no Brasil: a reescrita da história e reivindicação da identidade

Literatura Afro-Brasileira

Federica Lupati

 

outubro: 26

novembro: 02; 09 e 16

Ancestralidade, resistência e praxis descolonial: a literatura escrita por mulheres indígenas

Literatura brasileira escrita por mulheres indígenas

Federica Lupati

 

novembro: 23 e 30

dezembro: 07 e 14

 

2º Semestre

 

MÓDULO

ÁREA TEMÁTICA

DOCENTE(S)

DATAS

Filhas do Império e Tempos Pós-Coloniais

Literatura portuguesa de autoria afrodescendente

 

Margarida Rendeiro

fevereiro: 14; 21 e 28

março: 07

Pensamento Descolonial e Resistências

Literatura em Língua Portuguesa

 

 

Margarida Rendeiro

 

março: 14 e 21

abril: 04 e 11

Cosmopolitismo e Resistências

Literatura em Língua Portuguesa

 

Margarida Rendeiro

 

 

abril: 18

maio: 02; 09 e 16

 

 

docentes

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Federica Lupati é doutorada em Estudos Portugueses pela Universidade NOVA de Lisboa. É investigadora integrada do CHAM – Centro de Humanidades. Para a sua pesquisa de doutoramento focou-se nos representantes femininos do rap feito em Portugal e no Brasil, visando debater o seu posicionamento sendo mulheres dentro dum contexto protagonizado pela masculinidade, bem como o seu papel de produtoras culturais, ativistas e como indivíduos afrodescendentes. Em 2019, co-editou o volume Challenging Memories and Rebuilding Identities: Literary and Artistic Voices that undo the Lusophone Atlantic (Routledge, 2019), com Margarida Rendeiro. De momento, os seus interesses abrangem uma ampla gama de temas, todos ligados ao feminino negro. A estes juntam-se os ligados à identidade e produção de mulheres indígenas, especialmente no Brasil, bem como às práticas não-canónicas e mais em geral às culturas de resistências. É investigadora contratada para a equipa do projeto
WomenLit.

Margarida Rendeiro é investigadora integrada no Centro de Humanidades do CHAM da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Coordenadora do Grupo Cultura e Literatura. Doutorada em Estudos Portugueses pela Universidade King’s College, em Londres (2008). Os seus interesses de investigação centram-se nos estudos culturais e literários contemporâneos de expressão portuguesa. Organizou, em conjunto com Federica Lupati, Challenging Memories and Rebuilding Identities (Routledge, 2019) e é autora de The Literary Institution in Portugal: An Analysis Under Special Consideration of the Publishing Market (Peter Lang, 2010). É membro do Conselho Editorial da revista Práticas da História. Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past. É Investigadora Responsável do projeto WomenLit – Literatura de Mulheres: Memórias, Periferias e Resistências no Atlântico Luso-Afro-Brasileiro (PTDC/LLT-LES/0858/2021), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)

 

PREÇÁRIO

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Por Módulo – Público em geral: 75€* | Estudantes NOVA FCSH 2023/2024 (licenciaturas, mestrados e doutoramentos): 60€ | Alumni NOVA FCSH/Estudantes de outras instituições de ensino superior: 60€*

**Acresce ao  valor o seguro escolar – 7 euros.

 

NÚMERO DE CRÉDITOS (MEDIANTE AVALIAÇÃO)

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  • Para estudantes universitários: 1 ECTS / Módulo (European Credit Transfer and Accumulation System)

 

Regime de avaliação

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  • 25% participação na discussão em contexto de aula e 75% um ensaio escrito no final do curso/módulo.

NOTA: Os estudantes que queiram ser avaliados e obter o crédito ECTS, deverão informar no início de cada módulo o docente dessa opção. Os estudantes que assistam a pelo menos a 3/4 das sessões podem pedir um certificado de participação [6 €].

 

INSCRIÇÃO

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Até 6 dias úteis antes do início de cada módulo.

  • Centro Luís Krus – Formação ao Longo da Vida
  • Cursos Livres de Longa Duração