Barbosa, Duarte de (?-c.1546)

O autor do Livro de Duarte Barbosa (1511-1516), ou Livro do que viu e ouviu no Oriente Duarte Barbosa , ou ainda Livro das Coisas da Índia (cf. Gaspar Correia), conhecido como escrivão da feitoria de Cananor, viajou inicialmente (1500) pela Ásia com o seu tio Gonçalo Gil Barbosa e Santarém, feitor de Cochim, aprendeu a língua Malaiala (Malabar) e serviu de intérprete entre portugueses e autoridades locais, regressando a Portugal em 1506, para partir rumo à Índia em 1511, opondo-se às politicas de Afonsos de Albuquerque, que o afasta do cargo de primeiro-escrivão da feitoria de Cananor. Terá regressado a Lisboa em 1516, e no ano seguinte viaja para Calecut, como escrivão da feitoria, e em 1519 estabelece-se em Cananor, onde falece por volta de 1546. O Livro de Duarte Barbosa, provavelmente redigido em Cananor, é um importante repositório dos conhecimentos económicos, mercantis, etnográficos (costumes locais), históricos, geográficos, linguísticos e históricos sobre o Oriente no século XVI, e foi traduzido para castelhano em 1524, e também para italiano (1563) e alemão. Esta sua obra é amplamente referida por outros autores do século XVI, que a ele recorrem como autoridade sobre a presença portuguesa no Oriente, desde a África ao Japão.

 

Bibliografia: Luís Filipe Barreto, “Em Torno de Duarte Barbosa”, Brotéria, 111:5, 1980: 428-437; I. Guerreiro, V. Rodrigues e L. Gaspar, “O ‘Grupo de Cochim’ e a Oposição a Afonso de Albuquerque, STVDIA 51, 1992: 119-144; Duarte Barbosa, O Livro de Duarte Barbosa, 1996.

 

Rogério Miguel Puga