Pragas nos Periódicos

A proteção às avezinhas

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Título

A proteção às avezinhas

Criador

Pe. Macedo

Fonte

O Bejense, Ano II, nº 77, p. 2.

Data

14-07-1862

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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IMPORTÂNCIA DAS AVES PARA A AGRICULTURA

II
E com efeito: o homem é impotente contra tais inimigos.
[…]
Desde o princípio dos tempos, o homem teria sucumbido nesta luta desigual, se Deus lhe não tivesse dado na ave, um poderoso auxiliar, um aliado fiel, que desempenha otimamente o trabalho que ele, homem, não poderia fazer.
Esta missão providencial da ave passou muito tempo por uma exageração poética; hoje, graças aos trabalhos dos naturalistas modernos, e principalmente M. Florent Prévost, naturalista do museu de história natural, entrou no número das verdades demonstradas pela ciência.
Com os auxílios que lhe foram dados pelos administradores das florestas e dos domínios da coroa, e em uma série de estudos continuados com perseverança durante quarenta anos, este modesto e sábio investigador chegou a verificar, experimentalmente, semana por semana, o regímen alimentar das aves dos nossos climas. Pelo exame minucioso dos restos encontrados nos seus estômagos determinou, para cada espécie, não só em que proporção se alimenta de insetos, mas que espécies em particular busca a destrói, e por consequência, quais são os vegetais que protege contra os seus inimigos.
[…]
De tão delicados estudos, resulta que, em relação aos serviços feitos à agricultura, as 330 espécies de aves que criam no nosso país, podem dividir-se em três classes principais.

1ª Classe – nesta colocaremos as aves decididamente nocivas, ao menos indiretamente, porque destroem muitas aves insectívoras: são na ordem das rapaces, quási todas as aves diurnas, e na das omnívoras, os corvos, as pegas e os gaios.
[…]
2ª Classe – nesta se colocam as granívoras, ou antes, as aves de dupla alimentação; porque, À exceção do pombo, não há uma só ave que seja puramente granívora; todas se alimentam, ao mesmo tempo e segundo as estações, de grãos e insetos. Nocivas no primeiro caso, úteis no segundo, não se podem equilibrar, diz M. Geoffroy Saint-Hilare, os serviços e o mal que fazem: tais são os pardais e outros pássaros da mesma espécie. Mais audazes, M. Florent Prévost e outros naturalistas julgam que a somam das vantagens excede muito a dos prejuízos; e os factos justificam esta opinião.

A mais desacreditada destas aves suspeitas é, sem dúvida, o pardal, tantas vezes infamado como um desaforado rapinante. Mas, se os factos mencionados nos requerimentos são exatos, esta ave vale mais do que a sua reputação. Diz-se que tendo sido a sua cabeça posta a preço, na Hungria e no país de Bade, este inteligente proscrito abandonará inteiramente esses dois países; mas daí a pouco viu-se que só ele podia sustentar a guerra contra besouros e os mil insetos alados das terras baixas; e aqueles mesmos que tinham estabelecido prémios para os destruir, se viram obrigados a prometer maiores para os tornar a chamar: foi duplicada a despesa, castigo ordinário das decisões precipitadas.
[…]
(Continua)

Ficheiros

Colecção

Citação

Pe. Macedo, “A proteção às avezinhas”. In O Bejense, Ano II, nº 77, p. 2., 14-07-1862. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 9 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1569.

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