Pragas nos Periódicos

Proteção às avezinhas

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Título

Proteção às avezinhas

Criador

Pe. Macedo

Fonte

O Bejense, Ano II, nº 76, p. 3.

Data

07-07-1862

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

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Extraímos do Annèe Scientifique et Industrielle – de L. Figuier – o seguinte artigo e discurso, na mente que fazemos um serviço não pequeno à nossa agricultura. Há muito tempo que estamos convencidos da utilidade das pequenas aves, e ainda mesmo daquelas que a opinião pública chama nocivas. A perseguição que se lhes faz é uma crueldade inútil; e é do dever da autoridade civil e eclesiástica proibir estigmatizar essa guerra de extermínio que além de ser prejudicial à agricultura, como todos se convencerão lendo o seguinte discurso – incita os maus instintos dos que por divertimento abusam da força para tirar a vida a esses entes tão fracos e tão tímidos – e que nos são tão necessários.

A PROTEÇÃO ÀS AVEZINHAS
Muitas vezes se tem reclamado medidas legislativas para se suspender a guerra desastrosa que se faz às pequenas aves com prejuízo da agricultura. Mas nunca a este respeito se ouviu um discurso mais eloquente, vivo e encantador do que o que se pronunciou em 1861 na tribuna do Senado.
Na sessão de 24 de Junho de 1861, o senador Bonjean, encarregado de um relatório sobre muitos requerimentos relativos à proteção das aves, por causa da conservação de cereais e de outros produtos agrícolas – reuniu no seu relatório todas as considerações que se podem invocar a favor desta causa.
Agradaremos certamente aos leitores, oferecendo-lhes este curioso trabalho que honra tanto o coração como o espírito do digno senador.

IMPORTÂNCIA DAS AVES PARA A AGRICULTURA
1. Há na França muitos milhares de espécies de insetos, quási todas vivendo exclusivamente à custa dos nossos mais preciosos vegetais, dos que nos dão alimento, madeiras e combustível.

O robusto carvalho tem por inimigo o cerambyx.
O ulmo é atacado pelos scolytos destruidores.
Os pinheiros sucumbem aos assaltos de outros insetos igualmente assoladores.
A árvore de Minerva, a preciosa oliveira, vê o seu tronco minado pelo phloetribus; enquanto os seus frutos são devorados pelas inumeráveis larvas da dacus olae.
A vinha apenas resiste, em certos climas aos estragos da pyrale.
O trigo e outros cereais são atacados nas raízes pelas larvas do besouro – antes da floração pela cecidomya; e no momento da frutificação pela calandra granaria, etc., etc.
A couve e outras crucíferas têm numerosos inimigos. A altica olerácea, brássica, etricilla, destroem a planta ao nascer; outros parasitas esperam que a sílica se forme para lhes servir de habitação, alimentando-se com a semente.
As raízes de todas as leguminosas são roídas e devoradas pelos ralos e outros insetos escavadores, enquanto a larva do bruchus vive oculta nas favas, ervilhas, etc., cujos cotilédones consomem, deixando apenas o invólucro.
Quem pode calcular as perdas que resultam para a agricultura de todas estas causas reunidas?
[…]
Na Alemanha, diz Latreille, a phaloena monacha tem destruído florestas inteiras. Em 1810, as álticas tinham de tal modo invadido a floresta de Tannesbusch, situada no departamento de Roer, que por um decreto se mandou abaixo e queimar os ramos, raízes e urzes.
Na Prússia Oriental foi mister cortar, há três anos, nas florestas do Estado, mais de 24 milhões de metros cúbicos de pinheiros, contra todas as leis florestais; mas por que estas árvores morriam atacadas pelos insetos.
Os nossos almirantes vos falarão, com mais autoridade que eu, das térmitas que, principalmente na Rochella e em Rochefort, destroem as madeiras nos estaleiros, e até mesmo os registos dos arquivos.
[…]

(Continua)

Ficheiros

Colecção

Citação

Pe. Macedo, “Proteção às avezinhas ”. In O Bejense, Ano II, nº 76, p. 3., 07-07-1862. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 6 de Dezembro de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1568.

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