Pragas nos Periódicos

SOBRE O MILDIUM

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Título

SOBRE O MILDIUM

Criador

António Batalha Reis

Fonte

Nove de Julho, Nº 832, Ano XV, pp. 1-2.

Data

05-08-1899

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

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O míldio tem tomado ultimamente umas formas de apresentação diferentes daquelas porque era mais conhecido; e deu isso causa a confusões muito desculpáveis nos que não têm conhecimento exato e preciso dos característicos especiais que acompanhara as diversas manifestações do míldio.
Julgaram muitos que tinham nas suas vinhas o terrível black rot.
Não me parece que haja razão agora para tal receio. Eu não digo que o black rot não esteja incubado numa ou noutra vinha pouco cuidada, mas o que julgo poder afiançar-se é que ele ainda não se evidenciou em nenhuma.
Fundo esta afirmativa no seguinte: ainda não encontrei nas vinhas que tenho visitado, e que já não são poucas, nem nas amostras dos cachos doentes que tenho recebido, indício algum seguro da existência de black rot nas nossas vinhas.
Além de que, o black rot só se manifesta em fins de Julho ou princípios de Agosto, quando os bagos já estão adiantados e coloridos das suas respetivas cores.
Portanto, todas estas considerações nos levam a acreditar que são alheias ao black-rot as manifestações que tem havido de míldio.
Seja, porém, esta ou aquela a classificação da doença, o certo é que infelizmente o mal tem produzido consideráveis estragos em todo o país, e rareado muito a colheita que se prepara.
Esta grande calamidade deve talvez encontrar explicação em duas razoes principalmente.
A 1ª foi a falta de cuidado que houve em princípio nos primeiros tratamentos.
A 2ª baseia-se por certo na aplicação geral que houve este ano, da chamada calda ácida feita unicamente com 250 gramas de sulfato de cobre dissolvidos em 100 litros de água. […]
Do exame que tenho feito sobre as doenças que ultimamente vitima as nossas vinhas, desde o meado de Junho, pouco mais ou menos, tenho apurado que procedem elas exclusivamente do gris rot (podridão cinzenta), do Brown rot (podridão escura), e do white-rot (podridão branca). […]
Enquanto ao nome particular do rot que cada um tem, é indiferente particamente a todos o classificá-lo, visto que os tratamentos desses rots se fazem com o mesmo remédio que é representando pelos sais de cobre.
Não se esqueçam pois de que o tempo continua, com seus nevoeiros, cacimbas e calores estivais, a favorecer o desenvolvimento de todas as doenças criptogâmicas, e que os tratamentos nas vinhas se devem suceder a miúdo.
No modo de aplicar a calda cúprica lembro o processo de chapinhação dos cachos, que têm dado muito bom resultado.
Deriva este processo de sabermos que rots começam a geral pelo pé do bago, e da conveniência que haverá em resguardar esta parte do cacho com o remédio. […]

Ficheiros

Colecção

Citação

António Batalha Reis, “SOBRE O MILDIUM”. In Nove de Julho, Nº 832, Ano XV, pp. 1-2., 05-08-1899. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 4 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/276.

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