Pragas nos Periódicos

AOS VITICULTORES

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Título

AOS VITICULTORES

Criador

S/autor

Fonte

O Manuelinho de Évora, Ano II, nº 80, p. 3.

Data

01-08-1882

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

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O que é o filoxera
(Continuado do nº 78)

2ª FASE – Passados 7 ou 8 dias depois de depositados nas galhas os ovos da fase precedente, estes germinam e dão lugar a uma segunda geração de filoxeras um pouco mais pequenos e com antenas menos fusiformes.
Esta segunda fase, que é também só própria das cepas americanas, dá aos indivíduos que a compõem o nome de emigrantes, por que, apenas nascem, vão para as raízes, onde experimentam as mesmas mudas até chegarem à categoria de poedeiras.
Há todavia exceções a esta regra, por isso que alguns conservam-se nas folhas, onde produzem novas galhas, dando lugar a várias outras gerações galícolas antes de aparecer a geração emigrante. Dos ovos dos filoxeras emigrantes nascem os da 3ª fase, a que se dá o nome de radicícolas ou subterrâneos, por viverem sempre sobre as raízes.
3ª FASE – Distinguem-se estes dos das duas fases precedentes com o auxílio de um bom microscópio pelos seguintes caracteres: 1º são maires e mais alongados e, quanto À 3ª muda no estado de poedeiras, têm por vezes 12 décimos de milímetro de comprimento. 2º apresentam sobre o dorso, e logo depois da 1ª muda, diversas series de tubérculos escuros, que nas poedeiras se tornam ainda mais sensíveis, 3º tem as antenas muito chanfradas nas extremidades, tornando-se muito sensível na chanfradura um órgão chamado fossa olfativa ou auditiva.
As poedeiras desta fase depositam nas raízes uns 20 a 30 ovos, termo médio. Destes nascem outras gerações radicícolas em número variável, conforme a temperatura. […]
4ª FASE – De alguns ovos dos radicícolas nascem os indivíduos desta fase, que a princípio se distinguem dos precedentes por serem mais alongados, as pernas e antenas mais compridas, e terem uma cor um pouco mais clara.
Depois das três mudas comuns aos outros, notam-se-lhes dos lados do tórax dois pontos escuros que bem examinados se vê serem rudimento de asas. Numa quarta muda as asas tornam-se mais percetíveis, e finalmente numa quinta e última muda tem-se desenvolvido completamente dois pares de asas horizontais mui finas e transparentes. […] Os filoxeras desta fase são todos fêmeas, bem como os das precedentes e são do comprimento de um milímetro e às vezes um pouco maiores. […]
5ª FASE – Estes não experimentam mudas, como todos os anteriores, são amarelos claros, ápteros, não tem aparelho sugador ou tromba, e as antenas são finíssimas e muito curvas.
As fêmeas, que são maiores, encerram um único ovo, muito grande que se vê por transparência.
Os machos, que são vinte e cinco vezes menos numerosos do que as fêmeas, fecundam estas em grande número sobre o tronco e nas varas e morrem em seguida. As fêmeas introduzem-se depois debaixo das cascas do tronco ou das varas grossas e aí depositam o ovo – a que se dá o nome de ovo de inverno, e morrem em seguida. […] Em França, há poucas pessoas que tenham encontrado ovos destes, e em Portugal não foi possível descobrir nenhum.

(Da Verdade)
(Continua)

Ficheiros

Citação

S/autor, “AOS VITICULTORES”. In O Manuelinho de Évora, Ano II, nº 80, p. 3., 01-08-1882. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 3 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1362.

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