Pragas nos Periódicos

AOS VITICULTORES

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Título

AOS VITICULTORES

Criador

S/autor

Fonte

O Manuelinho de Évora, Ano II, nº 78, p. 3.

Data

18-07-1882

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

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O que é o filoxera
A descrição rápida que acabamos de fazer do terrível hemíptero pode bastar para a generalidade das pessoas, mas tem o grave defeito de ser muito incompleta e deficiente, por descrever o inseto apenas sob as suas três fases de existência mais salientes; prescindindo das restantes que são, aliás, importantíssimas para o perfeito conhecimento dos seus hábitos e tendências, que importa conhecer a fundo, para poder tentar o seu extermínio com mais profícuo resultado.
É por isso que passamos agora a descrever os caracteres que distinguem o filoxera nas suas cinco fases ou gerações sucessivas.
1ª FASE – Pertencem à primeira fase os filoxeras da 1ª geração e que nascem dos ovos de inverno, cuja proveniência mais adiante indicaremos. Estes ovos encontram-se mui raras vezes, desde Agosto até Março, debaixo das cascas dos troncos e varas mais grossas das cepas.
Destes ovos nascem em meados de Abril os filoxeras chamados fundadores, pela suposição em que se está de que são estes os primeiros a nascer nos pontos onde os não havia até então.
Tem estes insetos cabeça com duas antenas, dois olhos e uma tromba escondida por baixo que lhes server para picar e sugar as plantas. As antenas são constituídas por três artículos, os olhos por entre três nodoas pigmentares e a tromba é formada por três sedas envolvidas em uma bainha de quatro peças.
[…]
A vida dos filoxeras desta fase é diversa, conforme nascem sobre cepas americanas ou nas variedades europeias.
Nas cepas americanas sobem, logo que nascem, do tronco para as folhas mais tenras que se acham ainda cobertas de uma espécie de cotão. Três dias depois picam a folha e fixam-se na parte superior dela, produzindo na face superior uma pequena nódoa escura, e no reverso uma intumescência a que se dá o nome de galha filoxérica e, dentro da mesma galha. Passam aí por três mudas de pele com intervalos e quatro a sete dias, termo médio, e em consequência dessas mudas tornam-se cada vez mais volumosos, chegando na última a parecer quase esféricos.
Então tomam o nome de poedeiras, e chegam às vezes a exceder um milímetro de comprimento. Chegados a esse estado, depositam na galha um grande úmero de ovos que por vezes chegam a 800, e acabada a postura morrem. Se abrirmos então a galha encontramos dentro da filoxera morta, as duas mudas anteriores, elípticos, e mais pequenos do que os das fases seguintes. […]

(Da Verdade)

(Continua)

Ficheiros

Citação

S/autor, “AOS VITICULTORES”. In O Manuelinho de Évora, Ano II, nº 78, p. 3., 18-07-1882. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 3 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1361.

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