Pragas nos Periódicos

ASSUNTOS AGRÍCOLAS

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Título

ASSUNTOS AGRÍCOLAS

Criador

João Policarpo Freire de Campos

Fonte

Damião de Goes, 10º Ano, nº 503, p. 2.

Data

18-08-1895

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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DOENÇAS DA VINHA E SEU TRATAMENTO
(Conclusão)
BLACK-ROT – esta afeção da vinha é também devida a um cogumelo (Laestadia Bidwelii) que se desenvolve sobre as folhas, frutos e varas, e cujo micélio ou radículas, vive no interior dos órgãos atacados. O que principalmente caracteriza esta doença é o aparecimento de umas pequeníssimas manchas sobre as folhas, de uma cor de folha seca ou queimada, manchas que bem depressas mostram uns pontinhos negros, que, vistos ao microscópico são verdadeiros cogumelos. As varas são mui atacadas, e quando o são exibem manchas da mesma cor e natureza. O fruto, que também não é poupado, deixa ver umas manchas de um vermelho lívido, que se torna cada vez mais carregado, interessando até à parte carnosa dos bagos, que se alteram, enegrecem, secam-se e por fim destacam-se do cacho e caem.
Esta fitonose pode desenvolver-se com grande rapidez, sobretudo se for favorecida pelas alternativas de calor e humidade, e causar gravíssimos prejuízos aos vinhateiros.
Tratamento – é ainda o sulfato de cobre o agente mais enérgico e eficaz no tratamento da presente enfermidade, é ainda ele que, distribuindo sobre todas as partes da vinha, desde os princípios do mês de Maio, opera como melhor preventivo.
Aconselha-se quatro tratamentos, um em cada mês, a principiar no de Maio, com a solução nas seguintes proporções por cada hectare de vinha:
1º tratamento – água – 200 litros; Sulfato de cobre – 6 kilos; Cal – 6 kilos:
2º tratamento – água – 300 litros; Sulfato de cobre – 12 kilos; Cal – 9 kilos;
3º tratamento – água – 400 litros; Sulfato de cobre – 20 kilos; Cal – 12 kilos;
4º tratamento – água – 500 litros; Sulfato de cobre; - 30 kilos; Cal – 15 kilos.
Se compararmos este tratamento com o do míldio, vê-se que duplica a sua despesa, mas assim é preciso por ser de absoluta necessidade que todas as partes verdes da vinha fiquem bem recobertas da solução.
Sendo este tratamento mui semelhante ao do míldio, e apenas de uma ação mais enérgica, há quem aconselhe, para maior economia, o uso da calda bordalesa a 6% de sulfato de cobre e a 3% de cal virgem, no primeiro tratamento, feito em Maio, antes do aparecimento da moléstia, podendo ser as outras aplicações ser feitas como aconselhamos para o míldio, e como se fosse apenas esta a doença que tivéssemos de combater.
Convém ao mesmo tempo informar os nosso leitores, que o sr. Viala, uma autoridade importante nestes assuntos, acha suficiente, em virtude das suas experiências, a aplicação da calda bordalesa, como indicamos para o míldio, contanto que se fala antes do mal aparecer.
Para as uvas que se cultivam para mesa, diz aquele mesmo autor, que nos Estados Unidos evitam o desenvolvimento do mal em questão, envolvendo-se os cachos, desde que os bagos têm a grandeza de uma ervilha pequena, em papel, que se sustem com alfinetes, e que nem por isso deixam de amadurecer bem e de tomar a cor natural.

Ficheiros

Colecção

Citação

João Policarpo Freire de Campos, “ASSUNTOS AGRÍCOLAS”. In Damião de Goes, 10º Ano, nº 503, p. 2., 18-08-1895. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 2 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1206.

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