Pragas nos Periódicos

ASSUNTOS AGRÍCOLAS

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Título

ASSUNTOS AGRÍCOLAS

Criador

João Policarpo Freire de Campos

Fonte

Damião de Goes, 10º Ano, nº 501, p. 2.

Data

04-08-1895

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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DOENÇAS DA VINHA E SEU TRATAMENTO
(Continuação)
Maromba – Este mal, já antigo das vinhas, só ultimamente foi estuado por um dos agrónomos mais atilados do nosso país, o sr. A. Carlos Le Cocq. Foi quem identificou esta afeção das nossas vinhas, entre nós conhecida por doença da diagalves, com o mal-nero dos italianos ou gomnose.
Caracteriza-se, segundo refere o sr. Le Cocq, pelos seguintes sintomas principais:
As folhas das castas brancas exibem manchas amarelas, orladas de verde-claro, ou manchas de cor de folhas secas, envolvidas por dias faixas sendo a primeiras amarelas e a segunda verde clara; as duas castas tintas mostram manchas vermelhas, orladas de amarelo ou verde-claro, ou então manchas de cor castanho-escuro, de faixas vermelhas com cambiantes entre amarelo alaranjado e verde amarelado nas orlas. Ao mesmo tempo vão se as folhas encarquilhando e definhando-se mais oi menos, bem como os sarmentos e as suas ramificações. O sintoma principal desta fitonose, é a gangrena ou necrose do tronco principal e suas varas, interessando toda a espessura e propagando-se de cima para baixo, indicando partir dos golpes da poda. A secção da vara no ponto atacado, deixa ver os seus vasos cheios de uma substancia gumiforme, de uma cor escura ou negra, mas que o microscópio nos relva uns tons amarelos mais ou menos alaranjados ou da cor do café.
Conquanto não esteja ainda determinada a causa desta doença, sabe-se que é de natureza microbiana e infeciosa.
Tratamento – como meio preventivo aconselha-se desinfetar os instrumentos de poda e de enxertia com uma simples solução de sulfato de ferro em água fénica ou bórica, bem como todos os golpes feitos em qualquer parte da cepa, e destruir pelo fogo todos os despojos da limpeza das cepas.
Como tratamento geral profilático aconselha ainda o mesmo ilustrado agrónomo, a solução seguinte como eficaz e económica:
Sulfato de ferro – 53 kilos
Ácido sulfúrico a 53º B. – 10 kilos
Água quente – 100 litros
A solução faz-se em um recipiente de madeira, como anteriormente dissemos, deitando-se nela primeiramente o sulfato de ferro, em seguida o ácido sulfúrico e depois a água quente às pequenas porções. Aplicando-se tépida às caiaduras, antes da rebentação das cepas, no inverno, e depois a seguir à poda, é um poderoso desinfetante e cáustico.
É pela sua ação cáustica que convém o seu emprego antes da rebentação da vinha, aplicando-se depois, durante a primavera, e o verão, a calda bordalesa e os pós cúpricos compostos de cal, enxofre e sulfato de cobre.
A par deste tratamento deve haver o máximo cuidado em adubar e cultivar bem a vinha, limpá-la das partes doentes e tonifica-la pelo sulfato de ferro e pelo gesso.
(Continua)

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Citação

João Policarpo Freire de Campos, “ASSUNTOS AGRÍCOLAS”. In Damião de Goes, 10º Ano, nº 501, p. 2., 04-08-1895. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Abril de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1205.

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