Pragas nos Periódicos

PELA AGRICULTURA

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Título

PELA AGRICULTURA

Criador

S/autor

Fonte

Damião de Goes, Ano 7º, nº 354, p. 2.

Data

09-10-1892

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

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É geral e constante o queixume pela pouca produção dos vinhedos, sendo raros os que não deram ainda muito menos do que deles se esperava. Uma das causas principais desta grande desgraça, que vem aumentar aquela em que já vive a classe agrícola, foi o míldio. Foram enormes os seus estragos, foram quási improfícuos os tratamentos contra eles. Não aplicou a calda bordalesa não colheu uvas, e quem a empregou, repetindo-a muitas vezes pouco colheu.
No péssimo ano agrícola que finda foi extraordinariamente grande a invasão do míldio e funestíssima a rapidez com que se desenvolveu; mas entrou no nosso espírito a dúvida, senão a certeza de que os quási nulos resultados do tratamento foram devidos à má qualidade do sulfato de cobre que se empregou. […]
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Não se manifesta somente na redução da colheita o estrago do míldio; a sua influência ressente-se fortemente no vinho, que só fica próprio para destilar, embora não seja causa direta das suas alterações. Mas é certo que a planta atacada pelo míldio fica impedida de transmitir aos bagos os elementos que lhe são uteis à sua boa constituição, fazendo com que o vinho saia fraco, de má cor, mole, de sabor irritante, acre, e sempre propenso a «voltar-se» e a azedar. […]
Os vinhos mildisados são, como dissemos, só próprios para destilar; mas como para este fim só alcançam hoje baixo preço, quer os brancos quer os tintos, e como estes últimos hão-de ir irremediavelmente rareando em consequência dos crescentes estragos do filoxera, e também porque o produto da destilação (a aguardente de vinho) graças às sábias medidas dos nossos governos, está sendo posto de parte e substituído pelo álcool industrial, os vinhos tintos, dizíamos, devem ser aproveitados diretamente para o consumo, mas sujeitos ao seguinte tratamento, igualmente adotado em França:
Passagens ou colagens repetidas até se obter a completa clarificação do vinho, havendo sempre o cuidado de tratar as vasilhas, para onde ele se passam, em lavagens de água a ferver e muita mancha, ou passar o vinho a sulfurador, o que é preferível. A pasteurização dos vinhos é o meio mais seguro de lhes evitar a volta, ou a turva, assim, como todas as doenças parasitárias a que eles são propensos.
Deve-se, também, ao menos de três em três anos, aplainar a superfície interna das vasilhas, ou dar-lhes anualmente boas lavagens antisséticas logo que se tirem dela a curtimenta. […]
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Os olivais, no Alentejo, apresentam bom aspeto e livres da gafeira. A colheita deve ser boa. […]

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Colecção

Citação

S/autor, “PELA AGRICULTURA ”. In Damião de Goes, Ano 7º, nº 354, p. 2., 09-10-1892. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 13 de Dezembro de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/936.

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