Pragas nos Periódicos

PELA AGRICULTURA

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Título

PELA AGRICULTURA

Criador

S/autor

Fonte

Damião de Goes, Ano 4º, nº 187, p. 1.

Data

28-07-1889

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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Vai-se anuviando um pouco o horizonte da próxima colheita vinícola.
A nascença na uva a principio prometedora, embora inferior à do último ano, tem sido ultimamente reduzida por mil doenças e quem sabe até onde chegará!
Como há tempo dissemos, o lavrador sente-se alquebrado, espiritual e economicamente, e poucos esforços faz para combater o mal que o tortura. É-lhe aconselhado o meio para destruir o míldio e não faz uma tentativa; o oídio acaba de fazer uma invasão assustadora nos seus vinhedos e não enxofra, talvez porque não pode ou não quer.
Nestes circunstâncias é muito possível que a colheita nas cepas poupadas pelo filoxera se reduza a uma insignificância que nem sequer chegará para as despesas do cultivo. Vê-se na videira americana o porto de salvamento e sem se olhar para os perigos que ficam atrás e aos lados corre-se vertiginosamente para ele, naturalmente para lá se encontrar a ruína total.
De tratamentos caros cuidam, pela simples razão de que ninguém quer ter o espírito preocupado com questões a que não se está habituado.
*
Foi nos há pouco relatado um facto que bem prova a tendência que todos têm para se julgarem aptos para tudo, e o pouco critério com que, em geral os nossos vinhedos são tratados.
Um lavrador quis tratar as suas vinhas atacadas pelo míldio, e para isso, tendo a relutância que é muito geral de aproveitar o produto que oferece confiança pela sua preparação, a bouillie bordelaise, entendeu ou lhe disseram que igual resultado se tirava com uma porção de sulfato de cobre, cal e água.
Fez a caldeirada, mas por forma que procedendo a aplicação justificou a moral do caso em que o doente não morreu da moléstia, mas sim do curativo. Estrago geral.
A bouillie bordelaise não pode facilmente ser substituída, porque contem sais de cobre e ferro que com muita vantagem suplantam no tratamento do míldio as preparações com base de cal ou de sulfato de cobre; mas quando mesmo fosse igual a quaisquer preparados tem a vantagem de ter as dosagens formadas e uniformes sem oferecer os perigos de tais caldas que quando preparadas por quem não sabe o que, sem ofensa nem crítica, é geral dão o resultado como o que relatamos. Será o seu preço que desafia a sua substituição?
Não vemos motivo para tal. Quando mesmo aplicada na maior dosagem e tratamento por milheiro, segundo nos foi relatado, não é superior ao que se fizer com qualquer calda de fabrico caseiro.

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Colecção

Citação

S/autor, “PELA AGRICULTURA”. In Damião de Goes, Ano 4º, nº 187, p. 1., 28-07-1889. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 14 de Dezembro de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/883.

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