SECÇÃO AGRÍCOLA
Do míldio

SECÇÃO AGRÍCOLA
Do míldio

M. Rodrigues de Moraes

Jornal de Penafiel, 15º Ano, nº 57, pp. 1-2.

17-05-1901

Leonardo Aboim Pires

Como se fora assunto novo, ainda recebemos de diversos assinantes pedidos de esclarecimentos, acerca da doença da vinha chamada vulgarmente míldio, da sua natureza, dos remédios a combater, e, a respeito destes, a forma de os preparar, da época de os aplicar, da dose, da quantidade, etc. […]
O míldio é um bolor, cujas sementes microscópicas evolando no ar, quando a temperatura da primavera atinge firme 15 graus de calor à sombra, se depositam na página superior da parra, entram pelos poros, estendem o micélio (espécie de raiz) no tecido interior da folha, e vão produzir ramúsculos na página inferior da folha ou parra […]
Quando tendo havido descuido com uma subida rápida de calor, acompanhado de ar húmido, tenha promovido o aparecimento rápido das nódoas, e portanto não possa a substância empregada obrar como preventivo, nem por isso deve deixar-se de atacar logo com o remédio, pois que, de 15 em 15 ou 20 dias, se dão novas invasões do míldio nas novas folhas, e é portanto sempre preciso tê-las defendidas.
O acaso fez descobrir que o cobre é o verdadeiro remédio para o míldio […] O dr. Millardet, da faculdade de ciências da mesma cidade [Bordéus], estudou metodicamente a aplicação do sulfato de cobre às cepas mildiosadas, e verificou a eficácia do cobre, como preventivo e como remédio, para destruir o míldio.
A fórmula do dr. Millardte tomou o nome de calda bordalesa e, apesar de muitas outras fórmulas que se têm inventado, principalmente com o fim de tornar a massa mais aderente, ainda a calda bordalesa, sendo bem preparada com bons materiais, se mostra mais eficaz do que qualquer outra […]

(Gazeta das Aldeias)