SECÇÃO AGRÍCOLA
A doença das batatas
(Conclusão)
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Título
SECÇÃO AGRÍCOLA
A doença das batatas
(Conclusão)
A doença das batatas
(Conclusão)
Criador
Arnaldo Coelho
Fonte
Jornal de Penafiel, 14º Ano, nº 43, p. 2.
Data
30-03-1900
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Era sobretudo nos agentes atmosféricos que procuravam a causa do mal. E a opinião dos agricultores é fundada só no sentido de que a favorecem ou prejudicam o mal.
O que dissemos da necessidade de água para a germinação dos esporos explica a ação funesta das chuvas prolongadas e dos nevoeiros; um tempo seco, pelo contrário, impede os esporos de germinar e faz com que bem depressa percam toda a faculdade germinativa.
As experiências de Bary a esse respeito são decisivas e ensinam-nos que além disso o facto capital, que os sporos são incapazes de perpetuar a doença de um ano para outro, e não podem sem morrer, ser transportados pelo vento a grandes distâncias. Que meio tem, pois, o parasita de se conservar, invadir sucessivamente colheitas ou levar a infeção de longe? Sporos de Inverno, ovos sem dúvida bem armados contra as intempéries, como os que produz o míldio? É um ponto a discutir a sexualidade da Phytophtora infestans, mas à falta de sementes que ainda não se conseguiu descobrir completamente, este cogumelo possuiu um micélio vivaz nos tubérculos que o agricultor planta na estação própria. Muitas vezes as manchas dos tubérculos são pouco aparentes, julgando-os sãos, plantam-os e com as novas hastes desenvolve-se o micélio.
Algumas vezes a batata está só meio estragada, deitam foram a parte doente, e a que julgam intacta, conserva alguns filamentos micelianos, origem de uma nova invasão.
O Phytophora infestans fez a sua aparição no centro da Europa, em 1843, alastrando desde logo e fazendo estragos consideráveis.
Parece contudo já ser conhecido na Alemanha por meio do século XVIII. Este parasita pode ter aparecido anteriormente a estas datas, mas é provável que não seja originário da Europa e que a América no-lo tenha enviado com a batata, planta de origem chilena, cuja introdução na Europa remonta há três séculos.
Quanto ao tomate, que o nutre igualmente é também uma planta americana e a sua introdução entre nós parece ser mais recente ainda. Além disso as espécies de Peronospora, que vivem nas nossas plantas indígenas, são muito diferentes do Peronospora infestans, para que se possa crer na sua passagem para a batata, passagem que a experiência não verifica em nenhuma outra parte.
Experiências repetidas provam a eficácia dos sais de cobre no tratamento do Phytophtora infestans. Emprega-se com vantagem a água celeste e a calda bordalesa.
É preciso impedir o micélio de penetrar nos tecidos; os tratamentos devem pois ser preventivos como para o míldio.
Têm sido propostos grande número de outros remédios diversos, mas os seus resultados são pouco certos e seguros ao lado dos tratamentos pelos seis de cobre, desde que sejam feitos com cuidado e a tempo de evitarem a invasão da doença. Arrancar as batatas durante o tempo seco e evitar deixá-las em contacto com as folhas e hastes secas que convém queimar imediatamente; guardar os tubérculos bem secos em local isento de humidade e bem arejado; escolhe-las com cuidado, inutilizando imediatamente as que apresentarem manchas indicativas da doença; eis os meios de conseguir a diminuição senão o desaparecimento do mal. Também se devem empregar nas plantações as variedades mais resistentes e as mais temporãs, cuja pelo já muito espessa e dura na época do pleno desenvolvimento da doença resiste melhor à penetração do micélio.
Enfim, viso que o micélio é vivaz, não plantar senão tubérculos sãos.
O que dissemos da necessidade de água para a germinação dos esporos explica a ação funesta das chuvas prolongadas e dos nevoeiros; um tempo seco, pelo contrário, impede os esporos de germinar e faz com que bem depressa percam toda a faculdade germinativa.
As experiências de Bary a esse respeito são decisivas e ensinam-nos que além disso o facto capital, que os sporos são incapazes de perpetuar a doença de um ano para outro, e não podem sem morrer, ser transportados pelo vento a grandes distâncias. Que meio tem, pois, o parasita de se conservar, invadir sucessivamente colheitas ou levar a infeção de longe? Sporos de Inverno, ovos sem dúvida bem armados contra as intempéries, como os que produz o míldio? É um ponto a discutir a sexualidade da Phytophtora infestans, mas à falta de sementes que ainda não se conseguiu descobrir completamente, este cogumelo possuiu um micélio vivaz nos tubérculos que o agricultor planta na estação própria. Muitas vezes as manchas dos tubérculos são pouco aparentes, julgando-os sãos, plantam-os e com as novas hastes desenvolve-se o micélio.
Algumas vezes a batata está só meio estragada, deitam foram a parte doente, e a que julgam intacta, conserva alguns filamentos micelianos, origem de uma nova invasão.
O Phytophora infestans fez a sua aparição no centro da Europa, em 1843, alastrando desde logo e fazendo estragos consideráveis.
Parece contudo já ser conhecido na Alemanha por meio do século XVIII. Este parasita pode ter aparecido anteriormente a estas datas, mas é provável que não seja originário da Europa e que a América no-lo tenha enviado com a batata, planta de origem chilena, cuja introdução na Europa remonta há três séculos.
Quanto ao tomate, que o nutre igualmente é também uma planta americana e a sua introdução entre nós parece ser mais recente ainda. Além disso as espécies de Peronospora, que vivem nas nossas plantas indígenas, são muito diferentes do Peronospora infestans, para que se possa crer na sua passagem para a batata, passagem que a experiência não verifica em nenhuma outra parte.
Experiências repetidas provam a eficácia dos sais de cobre no tratamento do Phytophtora infestans. Emprega-se com vantagem a água celeste e a calda bordalesa.
É preciso impedir o micélio de penetrar nos tecidos; os tratamentos devem pois ser preventivos como para o míldio.
Têm sido propostos grande número de outros remédios diversos, mas os seus resultados são pouco certos e seguros ao lado dos tratamentos pelos seis de cobre, desde que sejam feitos com cuidado e a tempo de evitarem a invasão da doença. Arrancar as batatas durante o tempo seco e evitar deixá-las em contacto com as folhas e hastes secas que convém queimar imediatamente; guardar os tubérculos bem secos em local isento de humidade e bem arejado; escolhe-las com cuidado, inutilizando imediatamente as que apresentarem manchas indicativas da doença; eis os meios de conseguir a diminuição senão o desaparecimento do mal. Também se devem empregar nas plantações as variedades mais resistentes e as mais temporãs, cuja pelo já muito espessa e dura na época do pleno desenvolvimento da doença resiste melhor à penetração do micélio.
Enfim, viso que o micélio é vivaz, não plantar senão tubérculos sãos.
Ficheiros
Colecção
Citação
Arnaldo Coelho, “SECÇÃO AGRÍCOLA
A doença das batatas
(Conclusão)
”. In Jornal de Penafiel, 14º Ano, nº 43, p. 2., 30-03-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 13 de Dezembro de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/553.
A doença das batatas
(Conclusão)
”. In Jornal de Penafiel, 14º Ano, nº 43, p. 2., 30-03-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 13 de Dezembro de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/553.