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Moléstias das roseiras

Dublin Core

Título

Moléstias das roseiras

Criador

Baltazar A. F. M. Andrade

Fonte

Jornal de Penafiel, 11º Ano, nº 53, p. 1.

Data

04-05-1897

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

Text

É notável, sob o ponto de vista patológico, a afinidade que liga os géneros botânicos tão diferentes, como são a rosa e a videira, sendo por certo causa disto a semelhança de constituição do lenho e dos sucos que nela circulam.
Destes males comuns mencionaremos como principais o oídio, a anguílula, o míldio e a maromba. […] O oídio, essa criptogâmica, que, vai para meio século, fazendo sucumbir, sem aplicação do enxofre, hospeda em nossa terra lautamente tratada, em princípio de maneira alguma contrariada, talvez prevendo a raivosa e merecida perseguição, como que havia de ser combatida, foi por medida de prudência, buscando asilo noutras plantas, que lhe asseguram ao menos a existência, embora menos brilhante.
A roseira foi, desde logo, uma das plantas da sua maior predileção, e tanto que ela tem sido ainda hoje é o melhor prenunciador desta invasão epifitia em cada ano.
Há muito quem acredite ser ineficaz o enxofre para combater o oídio das roseiras, porque realmente não se debela tão de pronto como na videira, sendo necessário, para conseguir pleno resultado, quando o tempo corre propício ao desenvolvimento da criptogâmica, isto é, quente e chuvoso, enxofrar quási diariamente, porque não sendo a folha da roseira lanosa como a da vide, não retém como esta o pó aplicado, que qualquer chuveiro arrasta e leva consigo. […] Outro caminho de ataque segue a anguílula; como verme que é, anda de rojo, não se podar alar às partes aéreas da planta, penetra na raízes e nelas se enquista, produzindo tuberosidades, o apodrecimento, o raquitismo e por último a morte da roseira.
Quando os adubos não bastam para dar energia ao arbusto assim atacado, só resta, depois de reproduzido por enxertia, arranca-lo, queimá-lo e substituir mesmo a terra do lugar que ocupou.
Assaz conhecido é o míldio, disseminável como o oídio, a ele semelhante e mais que ele destruidor, porque não se limita a invadir as superfícies, é penetrante; manifesta-se por manchas pálidas nas folhas, correspondendo-lhe de ordinário, no verso destas uns filamentos sedosos brancos: estas manchas enegrecem e por último as folhas atacadas caem. […] A calda bordalesa a 3% ou mesmo com maior percentagem é o remédio eficaz preventivo contra a tal moléstia, de nada valendo a sua aplicação, se ela já existe.
Por vezes sucede murchar e morrer sem causa aparente uma roseira, que esta em terreno bem regado e com as raízes perfeitamente sãs; outras vezes, tendo lançado varas robustas, quando ainda tenras em pleno crescimento, paralisa-se-lhes a vegetação, entram a amarelecer as folhas, que caem ficando as varas verdes por algum pouco tempo.
Observa-se que, quanto mais tenra e medulosa é a vara, mais sujeita está à doença e que esta ataca de cima para baixo.
Será a maromba ou malnéro? Há motivo para crê-lo.
Esta moléstia não é superficial como o oídio ou como o míldio, não assalta as radículas como a anguílula; vai mais profundamente, porque penetra em todo o lenho invadindo completamente, inibindo a circulação da seiva: as varas inquinadas não servem para o enxerto de garfo nem para estaca, podem porém fornecer escudos isentos de infeção. […] Recomendamos por último como de altíssima vantagem a aplicação de cera de enxertia sobre os cortes e a queima de arbustos doentes, porque o remédio da maromba ainda é desconhecido.
(«Jornal Hortícolo-Agrícola»)

Ficheiros

Colecção

Citação

Baltazar A. F. M. Andrade, “Moléstias das roseiras”. In Jornal de Penafiel, 11º Ano, nº 53, p. 1., 04-05-1897. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 28 de Maio de 2025, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/502.

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