SECÇÃO AGRÍCOLA. O MILDEW
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Título
SECÇÃO AGRÍCOLA. O MILDEW
Criador
Eduardo Sequeira
Fonte
Jornal de Penafiel, 8º Ano, nº 50, p. 1.
Data
20-04-1894
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
É indispensável, é preciso, é necessário insistir no assunto…
Foi por não terem ligado importância à doença, por julgarem que era uma caturrice de rabiscadores impertinentes, que queriam fazer estilo e encher as colunas de jornais com artigos aterrorizadores respeito ao «Mildew» que os agricultores do Norte viram as suas colheitas quási perdidas por completo. […] Quatro ou cinco invasões sucessivas, sem tratamento, é o bastante para matar a videira mais forte […] É um inimigo a que é preciso dar batalha «antes» de ele dar sinal de existência, por isso que «depois» de aparecido, os estragos são tão rápidos e violentos que nem dão tempo aos tratamentos.
Em «vinte e quatro horas» ataca e aniquila um vinhedo inteiro.
Daqui se depreende a necessidade dos tratamentos «preventivos» e a quási inutilidade dos «curativos».
O QUE É O MILDEW – o «mildew» é um pequeno cogumelo ou tortulho microscópico a que os sábios dão o nome de «Peronospora vitícola». É como o «oídio» e o «filoxera», uma das muitas doenças da vide importadas da América do Norte, em 1879, pela França entusiasmada então com as vides americanas. […]
MODO DE CONHECER O MILDEW – Quem tiver uma vez examinado com atenção as folhas atacadas pelo «Mildew» não mais se enganam na classificação da doença, tão característicos são os seus sintomas.
Entre as principais nervuras começam surgindo uns pequenos pontos amarelos que rapidamente crescem e alastram, passando pouco a pouco do amarelo ao pardo atijolado, sinal da morte dos tecidos; com a mancha da página superior coincide na página inferior o aparecimento de um pó branco semelhante ao açúcar ou sal finíssimo, que vai aumentando e alastrando proporcionalmente ao desenvolvimento da nódoa superior.
São as frutificações, os «esporos» ou as «sementes», do «Mildew», os órgãos levados pelo vento, vão rapidamente propagar o mal. […]
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA – O «Mildew» é tanto mais de temer quando mais cedo fizer o seu aparecimento […] O cogumelo necessita para poder viver a alastrar de uma temperatura superior a 10 graus, coincidindo com chuvas leves, orvalhos fortes ou qualquer outra coisa de humidade. […]
TRATAMENTO – como é pela parte superior das folhas da vide que o mal principia, são essas que se devem tratar de preferência, e como o sulfato de cobre mata os órgãos reprodutores do «Mildew» e com esta substancia que se devem fazer os tratamentos, o remedio pode aplicar-se sob duas formas: líquida ou em pó. […] A «Sulfosteatite cúprica» que já tem sido empregada com o melhor êxito no Douro e em importantes vinhedos do Sul, é uma mistura de steatite ou silicato de magnésia reduzido a finíssimo pó com 10 por cento de sulfato de cobre. […]
CONSERVAÇÃO DOS PULVERIZADORES – Para a aplicação da calda bordalesa é preciso o pulverizador, aparelho destinado a espalhar o líquido protetor sobre a folhagem e cacho das videiras sobre a forma de tenuissímo orvalho […] É indispensável depois, para o bom estado de funcionamento do pulverizador e evitar frequentes repartições, ter o seguintes cuidados com ele.
Antes de se começar a trabalhar com o aparelho deve-se untar com azeite ou sebo todas as partes desmontáveis onde há atrito, tais como o pistão, o corpo da bomba, as peças aparafusadas e as rodelas de couro.
Terminado o trabalho é indispensável lavar o reservatório com duas ou três águas, depois fazer funcionar o instrumento com alguns litros de água pura e deixar escorrer bem, desmontar a lança e fazer secar o interior voltando o aparelho de alto a baixo […]
(Jornal de Agricultura e Horticultura Prática)
Foi por não terem ligado importância à doença, por julgarem que era uma caturrice de rabiscadores impertinentes, que queriam fazer estilo e encher as colunas de jornais com artigos aterrorizadores respeito ao «Mildew» que os agricultores do Norte viram as suas colheitas quási perdidas por completo. […] Quatro ou cinco invasões sucessivas, sem tratamento, é o bastante para matar a videira mais forte […] É um inimigo a que é preciso dar batalha «antes» de ele dar sinal de existência, por isso que «depois» de aparecido, os estragos são tão rápidos e violentos que nem dão tempo aos tratamentos.
Em «vinte e quatro horas» ataca e aniquila um vinhedo inteiro.
Daqui se depreende a necessidade dos tratamentos «preventivos» e a quási inutilidade dos «curativos».
O QUE É O MILDEW – o «mildew» é um pequeno cogumelo ou tortulho microscópico a que os sábios dão o nome de «Peronospora vitícola». É como o «oídio» e o «filoxera», uma das muitas doenças da vide importadas da América do Norte, em 1879, pela França entusiasmada então com as vides americanas. […]
MODO DE CONHECER O MILDEW – Quem tiver uma vez examinado com atenção as folhas atacadas pelo «Mildew» não mais se enganam na classificação da doença, tão característicos são os seus sintomas.
Entre as principais nervuras começam surgindo uns pequenos pontos amarelos que rapidamente crescem e alastram, passando pouco a pouco do amarelo ao pardo atijolado, sinal da morte dos tecidos; com a mancha da página superior coincide na página inferior o aparecimento de um pó branco semelhante ao açúcar ou sal finíssimo, que vai aumentando e alastrando proporcionalmente ao desenvolvimento da nódoa superior.
São as frutificações, os «esporos» ou as «sementes», do «Mildew», os órgãos levados pelo vento, vão rapidamente propagar o mal. […]
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA – O «Mildew» é tanto mais de temer quando mais cedo fizer o seu aparecimento […] O cogumelo necessita para poder viver a alastrar de uma temperatura superior a 10 graus, coincidindo com chuvas leves, orvalhos fortes ou qualquer outra coisa de humidade. […]
TRATAMENTO – como é pela parte superior das folhas da vide que o mal principia, são essas que se devem tratar de preferência, e como o sulfato de cobre mata os órgãos reprodutores do «Mildew» e com esta substancia que se devem fazer os tratamentos, o remedio pode aplicar-se sob duas formas: líquida ou em pó. […] A «Sulfosteatite cúprica» que já tem sido empregada com o melhor êxito no Douro e em importantes vinhedos do Sul, é uma mistura de steatite ou silicato de magnésia reduzido a finíssimo pó com 10 por cento de sulfato de cobre. […]
CONSERVAÇÃO DOS PULVERIZADORES – Para a aplicação da calda bordalesa é preciso o pulverizador, aparelho destinado a espalhar o líquido protetor sobre a folhagem e cacho das videiras sobre a forma de tenuissímo orvalho […] É indispensável depois, para o bom estado de funcionamento do pulverizador e evitar frequentes repartições, ter o seguintes cuidados com ele.
Antes de se começar a trabalhar com o aparelho deve-se untar com azeite ou sebo todas as partes desmontáveis onde há atrito, tais como o pistão, o corpo da bomba, as peças aparafusadas e as rodelas de couro.
Terminado o trabalho é indispensável lavar o reservatório com duas ou três águas, depois fazer funcionar o instrumento com alguns litros de água pura e deixar escorrer bem, desmontar a lança e fazer secar o interior voltando o aparelho de alto a baixo […]
(Jornal de Agricultura e Horticultura Prática)
Ficheiros
Colecção
Citação
Eduardo Sequeira, “SECÇÃO AGRÍCOLA. O MILDEW”. In Jornal de Penafiel, 8º Ano, nº 50, p. 1., 20-04-1894 . Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 31 de Outubro de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/459.