PULGÃO
Dublin Core
Título
PULGÃO
Criador
António Batalha Reis
Fonte
Nove de Julho, Nº 910, Ano XV, p. 2.
Data
09-05-1900
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Começo por dar os meus sinceros parabéns aos lavradores pela abençoada chuva que nos visitou a semana passada. […]
Há muito tempo que a providência não despeja sobre os campos maior graça. Sem água, agora não só todas as culturas se ressentiram muito, mas algumas havia que seriam fatalmente sacrificadas à intempestiva estiagem.
As vinhas, sobretudo, padeceriam imenso. Com os grandes frios, que se acentuaram este ano, prolongou a vegetação do seu sono e ainda há pouco rebentaram as vinhas. Mas como logo depois nos feriram os calores estivais, chuparam eles as folhas e a terra, e comprometeriam necessariamente as enxertias, se não aparecesse a benfazeja chuva a remediar os males sofridos, e ainda a prevenir as enormes desgraças que nos ameaçavam. […]
Até à chuva, só ouvi falar na enorme praga de pulgão que este ano atacava a vinha.
Este coleóptero desenvolve-se rapidamente com o calor, e se tempo o favorece reproduz-se imensamente e chega a dar cinco gerações por ano.
É conhecido o ciclo completo das suas metamorfoses. O inseto passa o inverno escondido nos fundos dos valados e muros vizinhos da vinha. Na primavera aparece nas vinhas desde que rebentam as primeiras folhas, que ele invade, e acasalando-se em seguida realiza pouco depois a postura na razão de vinte ovos por fêmea.
No fim de oito dias sai uma lagartinha de cada ovo, e imediatamente começam elas a roer a parte herbácea das folhas.
Desde modo, é igualmente prejudicial a lagarta e o inseto perfeito, mas a lagartas faz muito mais prejuízo.
Sofrem muito as vinhas com os ataques deste velho inimigo, porque ele lhe destrói o parênquima das folhas, que ficam esburacadas e inúteis de funcionarem e colaborarem na alimentação da cepa.
Aos 15 dias pode-se considerar a lagarta no estado adulto, e então desce ela, escorregando-se pelo tronco até ao solo, onde ela se afunda até à altura de 0,1 pouco mais ou menos. Aí transformam-se em ninfa, e 8 dias depois passa a inseto perfeito e repete-se com este, se o deixam, as transformações que aqui deixo descritas.
O maior dano do pulgão é no começo porque poderá, se ele ataca em grande numero, destruir por completo toda a rebentação inicial das cepas.
Na tarde, já os seus efeitos são menos temíveis, porque as cepas já estão carregadas de folhas, e os estragos do pulgão só podem ser parciais.
Ordinariamente a maioria dos viticultores despreza o pulgão, e só quando aparece a lagarta é que a trata de apanhar.
Os que combatem o pulgão usam de um funil de folha de forma especial que permite, por meio de uma chanfradura, a sua introdução junto do pé, por modo que a sua parte larga possa receber tudo o que cair das folhas. Posto então o funil no seu lugar, sacode-se a videira e os pulgões que não aparados pelo funil empurram-se deste para dentro de um saco que anda atado ao canudo do mesmo funil.
Esta caçada deverá fazer-se de manhã, muito cedo, e enquanto o pulgão está entorpecido com o frio da madrugada, depois dessa hora nada se conseguirá.
O mais prático é usar o enxofre precipitado, cal e enxofre ou pó cúprico que não mata o pulgão mas que o atrapalha e diminui.
Há muito tempo que a providência não despeja sobre os campos maior graça. Sem água, agora não só todas as culturas se ressentiram muito, mas algumas havia que seriam fatalmente sacrificadas à intempestiva estiagem.
As vinhas, sobretudo, padeceriam imenso. Com os grandes frios, que se acentuaram este ano, prolongou a vegetação do seu sono e ainda há pouco rebentaram as vinhas. Mas como logo depois nos feriram os calores estivais, chuparam eles as folhas e a terra, e comprometeriam necessariamente as enxertias, se não aparecesse a benfazeja chuva a remediar os males sofridos, e ainda a prevenir as enormes desgraças que nos ameaçavam. […]
Até à chuva, só ouvi falar na enorme praga de pulgão que este ano atacava a vinha.
Este coleóptero desenvolve-se rapidamente com o calor, e se tempo o favorece reproduz-se imensamente e chega a dar cinco gerações por ano.
É conhecido o ciclo completo das suas metamorfoses. O inseto passa o inverno escondido nos fundos dos valados e muros vizinhos da vinha. Na primavera aparece nas vinhas desde que rebentam as primeiras folhas, que ele invade, e acasalando-se em seguida realiza pouco depois a postura na razão de vinte ovos por fêmea.
No fim de oito dias sai uma lagartinha de cada ovo, e imediatamente começam elas a roer a parte herbácea das folhas.
Desde modo, é igualmente prejudicial a lagarta e o inseto perfeito, mas a lagartas faz muito mais prejuízo.
Sofrem muito as vinhas com os ataques deste velho inimigo, porque ele lhe destrói o parênquima das folhas, que ficam esburacadas e inúteis de funcionarem e colaborarem na alimentação da cepa.
Aos 15 dias pode-se considerar a lagarta no estado adulto, e então desce ela, escorregando-se pelo tronco até ao solo, onde ela se afunda até à altura de 0,1 pouco mais ou menos. Aí transformam-se em ninfa, e 8 dias depois passa a inseto perfeito e repete-se com este, se o deixam, as transformações que aqui deixo descritas.
O maior dano do pulgão é no começo porque poderá, se ele ataca em grande numero, destruir por completo toda a rebentação inicial das cepas.
Na tarde, já os seus efeitos são menos temíveis, porque as cepas já estão carregadas de folhas, e os estragos do pulgão só podem ser parciais.
Ordinariamente a maioria dos viticultores despreza o pulgão, e só quando aparece a lagarta é que a trata de apanhar.
Os que combatem o pulgão usam de um funil de folha de forma especial que permite, por meio de uma chanfradura, a sua introdução junto do pé, por modo que a sua parte larga possa receber tudo o que cair das folhas. Posto então o funil no seu lugar, sacode-se a videira e os pulgões que não aparados pelo funil empurram-se deste para dentro de um saco que anda atado ao canudo do mesmo funil.
Esta caçada deverá fazer-se de manhã, muito cedo, e enquanto o pulgão está entorpecido com o frio da madrugada, depois dessa hora nada se conseguirá.
O mais prático é usar o enxofre precipitado, cal e enxofre ou pó cúprico que não mata o pulgão mas que o atrapalha e diminui.
Ficheiros
Colecção
Citação
António Batalha Reis, “PULGÃO”. In Nove de Julho, Nº 910, Ano XV, p. 2., 09-05-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 14 de Dezembro de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/281.