Pragas nos Periódicos

SECÇÃO AGRÍCOLA

Dublin Core

Título

SECÇÃO AGRÍCOLA

Criador

Dias da Silva

Fonte

Nove de Julho, Nº 803, Ano XIV, pp. 1-2.

Data

26-04-1899

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

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Estamos na rebentação da vinha e com ela inicia o lavrador a sua ação de defesa contra os mil parasitas que a danificam e que com as suas invasões tanto prejudicam as culturas.
Passaremos em revista sobre todas as doenças que mais ou menos têm causado prejuízos consideráveis e a propósito de cada uma indicaremos os seus sintomas e meios de tratamentos mais ou menos aconselhados e que melhores resultados têm dado na prática.
As doenças da vinha são causadas por mil acidentes, mas as principais são: «Apoplexia», que produz mau funcionamento do sistema orgânico da videira, atacando de preferência as que se acham isoladas; o «desavinho» que produz o aborto da flor, originando-lhe a seca e a queda sem vingar o fruto; a «clorose» ou «anemia», devido à pobreza ou excesso de humidade da terra, que produz o enfraquecimento da vegetação; certas e determinadas modificações orgânicas causadas pelas geadas, saraivas, trovoadas, ventos fortes e violentos, especialmente na primavera, no período de rebentação e na ocasião da floração e da limpa dos futuros cachos, a «podridão dos bagos», originada pela excessiva humidade, contida não só na atmosfera como em parte na terra, principalmente nos cachos compactos e de película muito fina, a «queima dos bagos» causada pelo excesso de calor solar, na ocasião da «pintagem» das uvas ou no principio da maturação a «anguílula», pequeno parasita filiforme, isto é, de forma alongada, que produz nas videiras sintomas semelhantes aos da filoxera, ramos enfezados, folhas pouco desenvolvidas, mais ou menos amareladas, as raízes com pequenos tubérculos, onde elas geralmente se alojam; os «caracóis», que são pragas daninhas em todas as culturas; a «erinose» ou «phytocopto vitis», um pequeno inseto que quando chega a época da postura dos ovos procura as folhas da vinha para satisfazer aquela lei da natureza, dando uma picada na página interior, que produzi logo uma transformação dos tecidos que se atrofiam. É na empola que se forma, que ele poe os ovos; o «pulgão» pequeno inseto de cor verde azulada, aparece na primavera, quando rebentam as vinhas, crivando as folhas da videira de buracos, assim como os sarmentos mais tenros, a «phyrale», um dos piores inimigos das vinha, as folhas atacadas apresentam-se completamente roídas, assim como os rebentos, outras folhas apresentam-se reunidas em magotes, envolvendo às vezes os cachos prejudicando o seu desenvolvimento e maturação; a «filoxera» que todos mais ou menos conhecem, ou que tem ouvido falar pelos estragos que causa nos nossos vinhedos, apesar da maioria deles terem sido replantados com videiras americanas; existem ainda muitas vinhas que todos os anos são tratadas com diversos específicos contra aquele inseto; a «antracnose», a quem os práticos dão o nome de «perneira» e «doença negra»; é uma doença produzida por um bolor ou cogumelo microscópico que se desenvolve nas folhas, nas hastes e nos cachos da videira. Aprece principalmente na primavera, produzindo lesões que danificam o estado de vegetação e fazem perder as colheitas. Podemos distinguir três formas de antracnose: «uma maculada», que é a forma mais perigosa porque chega a produzir a morte das capas e ataca todas as videiras sem exceção; outra a «deformante» que ataca em especial as folhas, mas os seus estragos não são de recear; a «pontuada» é considerada a mais e menos nociva; a «melanose», outra doença devida a um cogumelo, que se manifesta nas folhas por pequenas manchas pontiformes de cor louro escuro e que mais tarde amarelecem, invadindo por completo a folha e fazendo com que esta caia; o «black rot», devido também a um cogumelo, ataca os bagos, as varas, as folhas e os seus periolos. Na América é um dos principais flagelos da videira e entre nós tem causado prejuízos consideráveis; o «míldio» é atualmente o flagelo que mais prejuízo está causando. Se as circunstâncias lhe são favoráveis, propaga-se rapidamente e atua com extraordinária energia, destruindo ou inutilizando em poucos dias a produção de extensíssimos vinhedos. São incalculáveis os prejuízos que tão funesta doença tem causado nos últimos anos, e por desgraça se ela novamente aparece, quantos prejuízos não virá causar? Urge portanto que os viticultores tratem de prevenir se contra este perigoso inimigo se não querem assistir mais uma vez às enormes devastações que ele promove. É preciso que lutem, empregando os meios cuja eficácia está demonstrada. Temos depois o «oídio» que é mister prevenir também e pro fim a «fungosidade das raízes».

Ficheiros

Colecção

Citação

Dias da Silva, “SECÇÃO AGRÍCOLA”. In Nove de Julho, Nº 803, Ano XIV, pp. 1-2., 26-04-1899. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 14 de Dezembro de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/260.

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