CARTAS DA MONTANHA
Tondela, 24 de Maio de 1897
Dublin Core
Título
CARTAS DA MONTANHA
Tondela, 24 de Maio de 1897
Tondela, 24 de Maio de 1897
Criador
Eduardo Duarte
Fonte
O Jornal de Cantanhede, n.º 415, pág. 2, col. 4, pág. 3, col. 1, 2
Data
29-05-1897
Colaborador
Pedro Barros
Text Item Type Metadata
Text
Não tenho podido sair de casa por incómodo de saúde, mas, aqui mesmo, ao meu gabinete de trabalho, vão chegando várias queixas da pobre gente do campo, que começa a inquietar-se com o mau tempo que vai correndo. Há quem receie que se isto continua, teremos mau ano de vinho, porque todo o tratamento será ineficaz contra as invasões do míldio. Parece-me demasiado pessimismo, mas os do campo lá o lêem, lá o entendem. Gente prática, com um saber de experiência feito, lá tem as suas normas por onde se regula. E quase sempre dá quinau em quem apenas se fia em teorias, como eu e muitos outros. O que parece averiguado, porém, segundo informações que tenho, é que com efeito o terrível míldio já se manifesta em partes e tende a desenvolver-se com uma rapidez assustadora, devido principalmente ao frio e à humidade atmosférica. Este meio é, como se sabe, favorável à propagação do daninho parasita. É, com efeito, sob a acção da humidade que se desenvolve o plasmopara ou peronospórea vitícola; e a mim não me lembra, há muito tempo, de um mês de Maio mais frio e húmido do que o que vai correndo.
A doença a que me refiro tornou-se, infelizmente, muito conhecida, e como um dos remédios indicados é a calda bordelesa já muito generalizada, parece-me que, sendo a cura aplicada a tempo, o mal poderá ser atenuado nos seus efeitos.
Discordo, por isso, da opinião da gente do campo e estou em dizer que os seus vaticínios são exagerados.
Dada a invasão do míldio, não se pode calcular quais os prejuízos que daí resultarão, mas quer-me parecer que a perda da colheita, ao contrário do que já se diz, não será total.
Oxalá que eu me não engane.
A doença a que me refiro tornou-se, infelizmente, muito conhecida, e como um dos remédios indicados é a calda bordelesa já muito generalizada, parece-me que, sendo a cura aplicada a tempo, o mal poderá ser atenuado nos seus efeitos.
Discordo, por isso, da opinião da gente do campo e estou em dizer que os seus vaticínios são exagerados.
Dada a invasão do míldio, não se pode calcular quais os prejuízos que daí resultarão, mas quer-me parecer que a perda da colheita, ao contrário do que já se diz, não será total.
Oxalá que eu me não engane.
Ficheiros
Colecção
Citação
Eduardo Duarte, “CARTAS DA MONTANHA
Tondela, 24 de Maio de 1897
”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 415, pág. 2, col. 4, pág. 3, col. 1, 2 , 29-05-1897. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 20 de Janeiro de 2025, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1141.
Tondela, 24 de Maio de 1897
”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 415, pág. 2, col. 4, pág. 3, col. 1, 2 , 29-05-1897. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 20 de Janeiro de 2025, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1141.