
Metodologia da História Oral: como construir um projeto de memória audiovisual
Este curso vai ser lecionado na modalidade de Ensino a Distância
Objetivos
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- A História Oral como metodologia;
- Destacar a importância da preservação da memória oral;
- Qual a função dos testemunhos orais;
- Como entrevistar um testemunho;
- As várias fases e tipo de entrevistas: pesquisa em arquivos, primeiro encontro com o testemunho, criação do guião, entrevista, transcrição textual/montagem audiovisual;
- Traçar as principais linhas de orientação para a construção de um projeto de História Oral Audiovisual;
- A relação da História Oral com o Cinema documental.
Programa
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O curso irá incluir exposição de matéria, serão visionados excertos de documentários, com análise teórico/prática, seguidos de discussão coletiva. Apresentar-se-ão entrevistas a partir do projeto Palavras em Movimento: Testemunho vivo do Património Cinematográfico, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian 2019. O objetivo principal do projeto foi a criação e a partilha de uma plataforma digital que alberga as memórias dos testemunhos do cinema português das décadas 1960-1980. Em Palavras e movimento, não se pretendeu substituir a História escrita, mas sim revelar vivências pelos testemunhos, isto é, toda uma série de realidades que raramente aparecem nos documentos escritos e complementar o saber já existente contribuindo para a valorização do cinema e seus autores. Vivemos numa era de revolução digital onde a produção e partilha de conhecimento é muito veloz, sendo importante trabalhar o seu armazenamento. A História Oral não é um fim em si mesma, mas é um meio para o conhecimento e a sua metodologia poderá ser adaptável a outro tipo de investigação científica, caso seja justificável. No curso dar-se-ão exemplos de documentários, explicando a seu metodologia correlacionada com a metodologia de História Oral. Aqui, abordaremos teorias/trabalhos audiovisuais de documentalistas como: Jean Rouch; Bill Nicholls; Eduardo Coutinho. A História Oral desenvolveu-se no decorrer do século XX, mais especificamente nos Estados Unidos: grupos de historiadores constituíram as suas próprias instituições, lançando revistas e realizando vários seminários. O método desenvolveu-se mais amplamente a partir do aparecimento do gravador (cassete) ainda nos anos de 1950, nos Estados Unidos, difundindo-se também pela Europa. Noutros países, a História Oral não possuía o mesmo impulso que nos Estados Unidos nos anos de 1950, utilizada com o intuito de somente reunir materiais para os futuros historiadores. Na América Latina há um desenvolvimento em áreas como a história política e a antropologia, por volta da década de 1970. “(…) Alessandro Portelli é um dos rostos internacionais, o seu interesse inicial no trabalho com fontes orais fez-se por via dos movimentos sociais e do ativismo cultural – inscrito, em boa medida, na referida tarefa de «dar voz» aos silenciados – e a sua inserção académica foi desde sempre num domínio paralelo, o da Literatura Norte-Americana.” (CARDINA, 2013:10). A década de 1990 marcou a quarta geração, em que os historiadores passaram a compreender a importância da história do tempo presente, para a qual as fontes orais são essenciais, estruturando-se uma metodologia e uma organização teórica dentro do que passou a chamar-se História Oral. “(…) Quer a consideremos como uma especialidade dentro do campo histórico ou como uma técnica específica de investigação contemporânea ao serviço de várias disciplinas, é um produto do séc. XX que enriqueceu substancialmente o conhecimento da História Contemporânea (…)”(POZZI, 2017: 5).
Requisitos prévios
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A docente enviará eletronicamente os livros em pdf com alguns capítulos selecionados para lerem.
- Consultar o sítio do projeto: https://www.palavrasemovimento.com.
- NICHOLS Bill, Introdução ao Documentário. Campinas: Papirus, 2005 (https://cadernoselivros.files.wordpress.com/2016/08/nichols-b-introduc3a7c3a3o-ao-documentc3a1rio.pdf).
Bibliografia
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- JOUTARD Philippe, História oral: balanço da metodologia e da produção nos últimos 25 anos. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaina (Orgs.). Usos & abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006, p. 43-62.
- COSMOLLI Jean-Louis, VER E PODER, A inocência perdida: Cinema, Televisão, Ficção, Documentário. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2008.
- NICHOLS Bill, Introdução ao Documentário. Campinas: Papirus, 2005.
- PORTELLI Alessandro, A morte de Luigi Transtulli e outros ensaios. Edições Unipop, 2013.
- THOMPSOM Paul, A voz do passado: história oral. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1992.
PROPINA
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Ver tabela em Informações úteis.
docentes
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Raquel Paulo Rato é realizadora e investigadora do IHC – NOVA|FCSH. Licenciada em Cinema – Ramo de Realização, em 2007 termina um mestrado na Universidade de Salamanca em Audiovisual e Publicidade. Doutorada em Cinéma et Audiovisuel pela Universidade de Paris 3 Sorbonne Nouvelle 2013, com especialidade na direção de fotografia cinematográfica. Autora do livro: La Lumière dans le Cinéma: L’œuvre d’Acácio de Almeida comme directeur de la photographie. Em Paris realizou vários master class na sua área com alguns diretores de fotografia, nomeadamente com: Éric Gautier; Michael Ballhaus; Renato Berta. Desde 2014 exerce investigação no domínio da História Oral – Audiovisual do Cinema Português. Em 2019 obteve apoio da Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito dos estudos avançados no domínio da Língua e Cultura Portuguesas com o projeto – Palavras em Movimento: Testemunho Vivo do Património Cinematográfico, do qual é coordenadora científica. Sítio de projeto: https://www.palavrasemovimento.com.