
Cinema, Património e Curadoria
Este curso vai ser lecionado na modalidade de Ensino presencial e a distância (streaming)
Objetivos
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Pretende-se com este curso desenvolver as relações possíveis entre o cinema enquanto património, o arquivo digital, a curadoria e a disseminação. Partindo da inevitabilidade da conservação e preservação dos formatos, como alternativa à sua obsolescência, procura-se compreender a utilidade do arquivo cinematográfico e o incentivo à sua preservação, como forma de alcançar uma perspetiva crítica, identitária e impulsionadora da cinefilia. Nesse sentido, destacando a relevância do papel a programação e da curadoria como elementos de articulação entre o passado do filme e a sua fruição futura.
Programa
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O programa será constituído por uma parte expositiva e histórica sobre a materialidade do filme dando relevância ao momento da conservação, numa ótica complementada pelo visionamento de excertos de exemplos concretos bem como uma discussão com o grupo de trabalho. Salienta-se o papel da programação levado a cabo pelas cinematecas (ou museus do cinema), tendo em vista a ‘patrimonialização’ do meio bem como a sua história e a dos suportes utilizados, tal como a atividade realizada pelas instituições nacionais, nomeadamente a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, bem como o seu departamento de conservação, o ANIM. Numa altura em que a digitalização, bem como a diversificação e disseminação, se configura como processo de renovação material do cinema, importa situar a questão dentro da história de arte e dos estudos artísticos. O programa divide-se fundamentalmente em três vetores principais:
1 – Componente história – dando conta da evolução do processo de ‘patrimonialização’ do cinema, as suas grandes etapas, desafios e novas especificidades (com a entrada do digital e a internet).
2 – Programação e dispositivos – a compreensão deste espeto convoca, necessariamente, diferentes dispositivos e práticas do património cinematográfico. Desde logo, o papel das Cinematecas como preservação da memória, bem como a constante revisão das condições de transmissão e circulação do património do cinema, nomeadamente, o paradigma da evolução muito relevante do património digital.
3 – Práticas contemporâneas – a introdução dos principais agentes da história do cinema de património. Sejam eles programadores, conservadores ou restauradores, bem como as principais instituições que promovem esta política de preservação do suporte cinematográfico, nomeadamente com destaque para a realidade portuguesa e o atual encargo com a preservação do acervo do cinema português. É neste elo entre a redescoberta do cinema do passado e o público que se situa o papel muito relevante da curadoria, como a arte de interpretar a estética, a história e a tecnologia do cinema. Algo que deverá ser feito através de seleção, preservação e documentação dos filmes, bem como a sua exibição dentro de um acervo de arquivo. De forma a maximizar o tema será dada 1 ou 2 aulas práticas (com visitas a instituições) como forma de concretizar o programa apresentado.
Nota: Por se tratar de um curso com a atribuição de 2 ECTS, os alunos interessados poderão realizar a avaliação prevista no curso.
Bibliografia
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- CHERCHI, USAI (Paolo), The Death of Cinema: History, Cultural Memory and the Digital Dark Age, Londres, BFI, 2001.
- LINDPERG (Sylvie) e SZCZEPANSKA (Ania), À qui appartient les images? Le paradoxe des arquives, entre marchandisation, libre circulation et respect des oeuvres, Paris, Maison des sciences de l’homme, 2017.
- BAEQUE, (Antoine de), La cinéphilie. Invention d’um regard, histoire d’une culture (1944-1968), Paris, Fayard, 2003.
- CHERCHI USAI (Paolo), FRANCIS (David), HORWATH (Alexander) e LOEBENSTEIN (Michel), Film Curatorship: Arquives, Museums, and the Digital Marketplace, Viena, Synema, 2008.
- LISBOA, (Ricardo Vieira), “O filme como um conjunto de práticas: uma distensão performativa do restauro cinematográfico”. In Aniki, vol.5 nº1, pp. 143-165. (2018).
requistos prévios
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Pressupõe-se que os alunos tenham noções básicas da história do cinema (do Mundo e Português).
PROPINA
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Ver tabela em informações úteis.
docente
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Paulo Portugal é doutorando no curso de Estudos Artísticos Arte e Mediações da NOVA FCSH, variante cinema, sob a orientação da Professora Maria Irene Aparício. No futuro, pretende desenvolver uma investigação em sobre o processo de digitalização do cinema português, em particular, no que diz respeito à preservação e como objeto de património artístico. Em 2021 concluiu o mestrado com o tema “Viagem, Desvio, Transfiguração – O monólogo interior como ato de resistência no renascimento da mise en scène”, também sob orientação da Professora Irene Aparício. Tem uma carreira de mais de duas décadas como jornalista de cinema, tendo participado em dezenas de festivais, bem como júri FIPRESCI (crítica internacional), como Cannes, Berlim, Veneza, San Sebastian, Karlovy Vary, Toulouse, Lyon, Bolonha, Rio de Janeiro, Tóquio, Miami, Zanzibar. Na NOVA FCSH fundou o CINEblog e já organizou dois workshops de jornalismo de cinema na Berlinale, em colaboração com o Ifilnova.