02
Nov
2022
Ciclo Performance & Invisibilidade
Photo by Luis Villasmil on Unshplas | taken in a Musem in Santiago de Chile.
Encontro
14:00 às 16:00 (2 Nov 2022 a 4 Jan 2023)
NOVA FCSH e Teatro da Garagem

A ambiguidade crescente da noção de performance, fruto da sua expansão, apresenta uma correlação direta com a noção de visibilidade. À ideologia da performance social parece corresponder uma ideologia do visível: uma ideologia que apaga o poder do não marcado, do não dito, do não visto” (Phelan 2006).

Neste contexto os objetos/coisas/ processos “não marcados”, tanto podem ser tidos como o faz Phelan como algo que faz uma a afirmação política do que não está classificado, valorizado, como, inversamente, do que é naturalizado e não é digno de marca, não produz diferença. Este último sentido é afirmado por Goffman quando este refere, no seu ensaio de 1971 “Aparências normais”, que a normalidade traduz um estado de invisibilidade do ambiente, e que na falta de mensagens de alarme, o ambiente é “transparente” para o observador. Goffman associa, portanto, as características do normal às da invisibilidade: “o normal é o lugar do não marcado (unmarked), não percetível, não tematizado, não teorizado”.

Estas duas óticas sobre o “não marcado”, uma que acentua uma política da diferença, outra que, ao invés, acentua a naturalização, parecem coexistir hoje no contexto contemporâneo. Neste processo, a visibilidade ganha um estatuto redutor como valor de “medida das performances”, já que ela não dá conta de todos os elementos inerentes à performance, o que os teóricos críticos, como Foucault vêm denominando de “cegueira”ou “armadilha”da visibilidade onde emergem questões de vigilância, fetichismo, voyeurismo, entre outras.

No âmbito do Laboratório de Teorias do Drama e do Grupo Performance & Cognição do ICNOVA desenvolveremos o ciclo Performance & Invisibilidade que contará com as seguintes sessões abertas ao público em geral:

Cinema & Invisibilidade. Potencialidades do sonoro, com Pedro Florêncio (ICNOVA/FCSH/NOVA) dia 2 de Novembro de 2022, das 14.00 às 16.00 no Auditório B3, Piso 5/FCSH/NOVA e O invisível em Shakespeare, com Mick Greer (CET/FLUL), dia 22 de Novembro de 2022, das 14.00 às 16.00 no Auditório C1, Piso 0/FCSH/NOVA. 

A complementar estas sessões teremos ainda um Workshop de sensibilização ao trabalho do ator para os alunos de Teorias do Drama e do Espetáculo com o encenador Carlos Pessoa do Teatro da Garagem, no Teatro Taborda, nos dias 8 e 9 de Novembro das 14h às 16.00.

Este ciclo organizado por Cláudia Madeira (NOVA FCSH/ICNOVA) culminará com uma apresentação e discussão pública dos trabalhos de laboratório dos alunos perante um júri no dia 4 de Janeiro de 2022 entre as 14h e as 16h.

>Bios:

 

BIOS:

Pedro Florêncio é licenciado em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema, mestre em Cinema e Televisão pela NOVA FCSH, doutorado em Artes pela Universidade de Lisboa. Realizou, entre outros, os filmes Banana Motherf*cker (2011), Onde o Meu Amigo Pintou um Quadro (2014), À Tarde (2017) e Turno do Dia (2019). Tem publicações, dispersa e em volume, sobre cinema. É Professor Auxiliar Convidado na NOVA FCSH.

Carlos Jorge Pessoa Ribeiro (CARLOS J. PESSOA) nasceu em Lisboa a 23 de Maio de 1966. Licenciado em Teatro e Educação pela ESTC, Pós-graduação e Curso de Doutoramento em Ciências da Comunicação-Comunicação e Artes pela FCSH, Título de Especialista em Teatro-Encenação, pelo consórcio IPLisboa-IPPorto-IPLeiria. É Professor Coordenador da Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), unidade orgânica do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL). Foi Director do Departamento de Teatro e Presidente da ESTC. Neste momento exerce as funções de coordenador do Mestrado em Teatro, especialização em Encenação, e lecciona aulas de Interpretação III e IV, da Licenciatura em Teatro-Actores. Co-fundou o Teatro da Garagem (TG) em 1989. É desde essa data director artístico do TG, autor e encenador residente.

Mick Greer graduated in English Literature from Cambridge University in 1983 and has been teaching at the School of Arts and Humanities at Lisbon University (FLUL) since 1992, where he is an Assistant Professor. He holds a PhD on James Joyce and theatre and is a researcher at FLUL’s Centre for Theatre Studies, where his main areas of interest include James Joyce, Contemporary British and Irish Theatre, Translation and Theatre in Education and Shakespeare in Performance.

As well as being an active member of the Lisbon Players, a group performing theatre in English, Mick is a founder member of the Dublin-based Balloonatics Theatre Company specialising in adaptations of Irish writers, particularly James Joyce.

Mick has translated various plays and texts concerned with performance and the arts. He has also published on theatre, translation and literature.