Pragas nos Periódicos

SECÇÃO AGRÍCOLA

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Título

SECÇÃO AGRÍCOLA

Criador

António Pereira Alves

Fonte

Damião de Goes, Ano 1, nº 9, p. 1.

Data

28-02-1886

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

Text

Por participação bastante amável do Exmo. Sr. Eduardo Augusto Frazão, a quem muito agradecemos, soubemos ter sido queimado o bacelo vindo de Barbas de Porco para Tagarro; procedendo da mesma forma com todos os bacelos suspeitos logo que tenha conhecimento da sua existência na área que lhe foi confinada.
Presta assim excelente serviço às câmaras de Azambuja e Cadaval, pelas quais está encarregado de vigiar os serviços filoxéricos.
E no nosso concelho?

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Ao mercado que se faz na vila de Alenquer, concorrem diversos vendedores de enxertos, sem que, até hoje, ninguém lhes tenha exigido atestados que provem serem provenientes da região considerada indemne!!!
Os transportes de bacelos são muito frequentes, por pretenderem os proprietários de vinhas constituídos na sua quási totalidade pelo tintorro, substituírem esta casta pela tinta miúda.
Será esta a causa de mais rapidamente se espalhar o filoxera por todo o concelho visto ser na razão em que predomina a tinta miúda que se reconheceu a existência de focos filoxéricos.
E contudo estes transportes fazem-se sem o menor impedimento!!!
Não é o filoxera o único inimigo que os viticultores têm a combater, para garantirem as suas vinhas e colheitas.
Além dele citaremos:
A antracnose, a peronospora, o oídio e o erineum.
Estas quatro doenças são características por manchas nas partes verdes, distintas para cada uma delas.
A primeira, também chamada de charbon, apresenta manchas aureoladas ou escuras orladas de preto, nas parras, nos sarmentos e até nos frutos, formando chagas que cicatrizam quando o ataque é mais leve e serôdio, mas produzem a morte do fruto quando é mais temporão e intenso.
Aparece de Março ou Julho, sendo os primeiros ataques os mais nocivos.
Temos visto combate-la com bom resultado, empregando um dos seguintes líquidos:
1 de sulfato de ferro
5 de água
Ou
1 de ácido sulfúrico
20 de água
Com o qual se pinta a cepa e vara antes da rebentação.
Se a vinha já está rebentada, usa-se na primeira enxofração de uma mistura de partes iguais de cal e enxofre.
A segunda, conhecida também por mildew (míldio) e sardoeira, apresenta manchas correspondentes nas suas duas páginas das parras.
No inferior são brancas parecendo eflorescências salinas, nas superiores amarelas mais ou menos escuras.
Nas cepas atacadas as folhas secam e caem, impedindo a maturação do fruto.
Aparece em fins de Junho e de Setembro.
Combate-se borrifando a vinha atacada com a seguinte solução:
5 de sulfato de cobre
100 de água
Aplicada com pulverizadores especiais.
Também se tem empregado com bom resultado o lite de cal, mais barato e de fácil aplicação-
É preciso notar que o ataque se tem espalhado com enorme rapidez, devendo por isso empregar-se qualquer dos remédios imediatamente ao seu aparecimento, por atuarem principalmente como preventivos, impedindo que se generalize o ataque.
A terceira, é bem conhecida, aparece em todas as partes verdes, que se cobrem de um pó formando manchas cinzentas.
O tratamento pelo enxofre é geralmente reconhecido como eficaz, sobretudo empregado cedo, como preventivo.
A quarta, menos importante por causar pequenos danos, apresenta, na página inferior da parra, depressões cobertas de pelos brancos que vão depois avermelhando e escurecendo; as empolas correspondentes na página superior conservam a cor verde do tecido, distinguindo-se assim perfeitamente do míldio.
Esta doença não merece tratamento por serem insignificantes os prejuízos que causa e apenas dela falamos para a distinguir da peronospora.

Ficheiros

Colecção

Citação

António Pereira Alves, “SECÇÃO AGRÍCOLA”. In Damião de Goes, Ano 1, nº 9, p. 1., 28-02-1886. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 4 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/846.

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