SECÇÃO AGRÍCOLA. Preparação de calda açucarada contra o mildew

SECÇÃO AGRÍCOLA. Preparação de calda açucarada contra o mildew

S/autor

Jornal de Penafiel, 9º Ano, nº 55, p. 1.

07-05-1895

Leonardo Aboim Pires

A calda bordalesa, geralmente empregada para combater as moléstias criptogâmicas, não exerce, nas grandes invasões, uma ação bastante enérgica sobre os parasitas vegetais.
Com efeito, compreende-se que a alai deste composto, em que o cobre é apresentado à planta no estado de óxido precipitado, quási insolúvel, é muito lenta, em virtude dessa fraca solubilidade e por outro lado, se forçarmos as doses de sulfato de cobre, a solubilidade do óxido não é aumentada.
Para fazer aumentar a ação curativa dos compostos cúpricos, tem sido ensaiado o emprego dos ácidos ou do amoníaco; mas se nestes é completa a dissolução do óxido de cobre, os compostos que se produzem têm o grave inconveniente de queimar os tecidos vegetais, principalmente se aplicam sobre o limbo das folhas novas.
A necessidade absoluta dos tratamentos preventivos impõe por consequência o emprego de uma substancia que, dissolvendo por completo o óxido de cobre, não exerça ação alguma sobre a vinha.
O açúcar realiza estas condições, e o sal na composição do qual ele entra, é um sacarato duplo de cobre e cal, que se obtém, fazendo atuar o sacarato de cal sobre o sulfato de cobre.
A reação é acolitada por uma dupla decomposição: o açúcar combina-se com o cobre, e o ácido sulfúrico com a cal.
O sulfato de cal precipitado deposita-se, e o sacarato de cobre sobrenada em líquido azul esverdado.
Esta dissolução contem pouco mais ou menos a metade do cobre, a outra metade é precipitada com o sulfato de cal; o cobre dissolvido atua imediatamente sobre as folhas, e o cobre precipitado, que deixa vestígios muito aparentes sobre a vinha, continua a sua ação […] A preparação do sacarato duplo de cobre e de cal é bastante delicada, pois trata-se de substâncias cuja composição é variável. […]