Pragas nos Periódicos

SECÇÃO AGRÍCOLA. Reconstituição e conservação da vinha

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Título

SECÇÃO AGRÍCOLA. Reconstituição e conservação da vinha

Criador

António M. B. d’Araújo

Fonte

Jornal de Penafiel, 7º Ano, nº 54, p. 1-2.

Data

05-05-1893

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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Na grande luta em que, sem distinção de hierarquias, o homem anda empenhado, para vencer o mais terrível inimigo do reino vegetal, devastador de florescentes regiões vinhateiras e causador da ruína de um considerável número de famílias, sobressai a reconstituição dos vinhedos e a sua conservação, problemas de uma complexidade a toda a prova e cuja resolução posto se tenha andado bastante neste caminho escabrosíssimo, jamais veremos cabalmente resolvido. Luta gigantesca, sem tréguas, em que o homem se vai, ainda que lentamente, impercetivelmente, sendo vencido por um inseto cuja missão é destruir a nossa maior riqueza.

Faz-se uso do sulfureto de carbono para defendermos as videiras contra este inimigo – o filoxera – e, nos últimos tempos, aconselha-se e preconiza-se a reconstituição dos vinhedos destruídos, por meio de videiras americanas, essas emissárias de tantas moléstias que por aí vão acometendo o género Vitis. […] Lemos há pouco um excelente relatório sobre as vides americanas e sua híbridas, missão agrícola autorizada pela portaria de 2 de Julho de 1890, em que o snr. A. Batalha Reis descreve as diferentes castas de videiras do novo mundo e faz o relato das suas observações e estudos nos diversos departamentos de França, que por ordem do governo percorreu.

Por este trabalho, que achamos muito consciencioso, mostra-se que Portugal tem homens que de alma e coração se dedicam a favor da nossa viticultura; mas daqui a resolver-se o grande problema de que as videiras americanas são as únicas com que se pode contar para a replantação dos nossos vinhedos e que as indígenas e europeias devem ser banidas por não serem tão resistentes às moléstias, vai uma distância enormíssima, um abismo incomensurável.

Para a boa adaptação das videiras americanas, para que elas produzam ou sejam bons porta-enxertos, torna-se necessário fazer previamente uma análise química ao terreno, obrigá-lo a falar, como diz o snr. Batalha Reis; do contrário, serão as plantações assinaladas por inúmeros desastres, como a muito viticultores tem sucedido. […] Somos, portanto, de opinião que toda a videira está sujeita, seja de que procedência for, ao assalto dos seus inimigos; poderá resistir mais ou menos, viver com o filoxera ou outros parasitas da vinha, mas durante a sua existência, há-de sofrer e um dia terminar os seus dias. São as leis da natureza a que está sujeito o reino animal e vegetal.

Aconselha-se também a enxertia; isto é, o cavalo americano e o enxerto europeu indígena […].

(Jornal Hortícolo-Agrícola)

Ficheiros

Colecção

Citação

António M. B. d’Araújo, “SECÇÃO AGRÍCOLA. Reconstituição e conservação da vinha”. In Jornal de Penafiel, 7º Ano, nº 54, p. 1-2., 05-05-1893. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 13 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/426.

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