Pragas nos Periódicos

AGRICULTURA – Tratamento das batatas de semente

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Título

AGRICULTURA – Tratamento das batatas de semente

Criador

S/ autor

Fonte

O Jornal de Cantanhede, n.º 567, pág. 1, col. 4, Pág. 2, col. 1

Data

29-04-1900

Colaborador

Pedro Barros

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Já são muitos os agricultores que combatem o mal dos batatais, a Phytophthora infestans, aplicando à rama a calda bordelesa. A prática é excelente, quando adoptada preventivamente, quer dizer, antes que o mal apareça, e para que não se manifeste. As decepções sofridas por alguns lavradores, que vêem invadidas as suas plantações, a despeito da aplicação da calda bordelesa, resultam de efectuarem tardiamente o tratamento. Empregado cedo, quando a rama tem um palmo, ou pouco mais, e ainda uma segunda vez, antes que a planta floresça, é em geral de segura eficácia. O que ainda é pouco usado, e até de muitos desconhecido, é o processo de desinfectar as batatas antes da sementeira, imergindo-as durante certo tempo na calda bordelesa, que para este caso deve preparar-se mais fraca. De facto, usando-se a calda com dose elevada de sulfato de cobre, este ataca os olhos ou grelos dos tubérculos aniquilando-os. É pior que a emenda que o soneto. Ora para destruir os parasitas que provocam o apodrecimento dos tubérculos não é mister usar de uma calda a mais de um por cento de sulfato de cobre e outro tanto de cal, e convém não prolongar muito a imersão. A prática que tem dado bons resultados consiste no seguinte: Dissolve-se um quilograma de sulfato em 50 litros de água; à parte dilui-se um quilograma de cal gorda e boa em outra tanta água. Feitas com cuidado as duas soluções, deita-se o leite de cal pouco a pouco sobre a solução do cobre, mexendo bem. Com esta quantidade de calda podem tratar-se 60 a 70 quilogramas de batatas. A calda deita-se numa barrica, ou noutra vasilha qualquer que não seja de metal; mergulham-se aí as batatas destinadas à sementeira durante 24 horas — não mais — e retirando-se, passam-se por água limpa, para evitar que o sal de cobre fique aderente à pele da batata. A imersão durante aquele tempo terá bastado para proteger os tubérculos. Lavados os tubérculos deixam-se enxugar ao ar livre, e então podem ser plantados. Não é indiferente a época em que este tratamento se faça. Muito tarde, quando a germinação dos tubérculos vai adiantada, o remédio pode ser funesto. É, pois, conveniente antecipar esse tratamento quatro ou cinco semanas à sementeira, e em todo o caso ter em vista que os olhos ou grelos não estejam ainda muito desenvolvidos.
(Da Gazeta das Aldeias.)

Ficheiros

Citação

S/ autor, “AGRICULTURA – Tratamento das batatas de semente”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 567, pág. 1, col. 4, Pág. 2, col. 1 , 29-04-1900 . Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Abril de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/407.