Pragas nos Periódicos

O black-rot

Dublin Core

Título

O black-rot

Criador

C.P.

Fonte

O Manuelinho de Évora, Ano XV, nº 752, p. 2.

Data

27-10-1895

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

Text

A propósito do black-rot ou podridão negra, acabamos de ver uma carta datada de 6 de Agosto, de mr. Lacoste, professor de agricultura no departamento de Gers e cuja tradução vamos apresentar, pois que aos viticultores muito deve interessar tudo o que se passa presentemente em França com este novo inimigo da vinha.
Eis o que escreve Mr. Lacoste:
«Este terrível parasita (black-rot) propagou-se este ano em Armagnoc com uma tal violência, que assusta os espíritos mais fortes. Pergunta-se por toda a parte como se poderá circunscrever a marcha do parasita, pois que vinhas foram sulfatada cinco vezes, antes da grande crise de 10 de Julho, com doses enormes de 100 kilos de sulfato de cobre por hectolitro, correspondendo a 40 a 50 hectolitros de calda bordalesa por hectare, perderam todas as suas uvas.
No nosso país duas boas sulfatagens colocavam-nos completamente ao abrigo dos ataques do míldio mas com o black-rot não sucede outro tanto.
Do que tenho observado chego a tirar as seguintes conclusões:
1º - A calda bordalesa por si é insuficiente, na generalidade dos casos, quando o black-rot toma um carácter como em 1895.
2º - Os resultados que dá não são uniformes como para o míldio.
3º - Do mesmo que não se combate o oídio com o sulfato de cobre e o míldio com enxofre, deve-se supor que é necessário obter um especifico contra o black-rot».
Mr. Lacoste remata a sua carta aproximadamente como o «Comércio do Porto» concluiu uma notícia publicada há dias sobre esta mesma moléstia, o que mostra que estamos de acordo com o que hoje se pensa em França.
Diz Mr. Lacoste:
«É necessário, portanto, chamar a atenção aos espíritos investigadores sobre a necessidade de continuar com experiências rigorosas sobre esta importante questão».
E depois remata fazendo estes votos: «Que a Providência ponha os vinhedos de Portugal ao abrigo deste terrível inimigo».
O pior é que os votos do esclarecido professor de agricultura do departamento de Gers já não chegam a tempo; é ponto de fé para nós que a microscópica criptogâmica americana está de volta connosco, como muitas outras que ainda não se
acham bem estudadas em Portugal.
[…]

Ficheiros

Citação

C.P., “O black-rot”. In O Manuelinho de Évora, Ano XV, nº 752, p. 2., 27-10-1895. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 2 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1450.

Geolocalização