Pragas nos Periódicos

ASSUNTOS AGRÍCOLAS

Dublin Core

Título

ASSUNTOS AGRÍCOLAS

Criador

João Policarpo Freire de Campos

Fonte

Damião de Goes, 12º Ano, nº 585, p. 2.

Data

14-03-1897

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Event Item Type Metadata

Duração

BLACK-ROT
Conclusões do congresso de Bordéus
No nosso número 503, tratámos do Black-rot, indicando os seus sintomas e o seu melhor tratamento.
Hoje queremos dar conhecimento aos nossos leitores, dos meios de luta empregados em França, contra esta grave doença das vinhas, nas regiões onde ela mais se tem generalizado e feito sentir os seus maus resultados.
Ainda há poucos meses, nos dias 7 e 8 de Dezembro último, teve lugar, em Bordéus, sob a presidência do M. Piou, um congresso especial a fim de estudar os meios de luta contra o black-rot, cujas conclusões, propostas pela respetiva comissão, e aprovadas pela ilustrada assembleia, foram as seguintes:
1º - a não ser em condições excecionais, de vinhas enfraquecidas pela idades, pelos ataques de doenças parasitárias anteriores, ou pela falta de cultura, a defesa contra o black-rot é economicamente possível, em um ano em que as condições climatéricas sejam análogas às de 1896, e em vinhas cujo rendimento positivo em moeda seja elevado.
Com os tratamentos contínuos durante anos, a defesa torna-se cada vez mais fácil e económica;
2º - são ainda as preparações cúpricas e, entre elas, a calda bordalesa, a calda borgonhesa e os verdetes, os mais eficazes no tratamento desta fitonose;
3º - as doses elevados de sulfato de cobre na preparação das caldas são desnecessárias: uma proporção de 2 a 3% é o bastante;
4º - a proporção da base (cal ou soda) correspondente, deverá ser a suficiente para se obter um líquido sensivelmente neutro ou ligeiramente ácido;
5º - a adição aos tratamentos de pós, em cujas misturas predominem o enxofre, a cal e, sobretudo, o cobre, sem serem indispensáveis, são geralmente úteis;
6º - as condições essenciais para o bom resultado destes meios de defesa, são:
a) a disposição das vinhas em linha, sobretudo em fio de ferro, que favorecem mais a limpeza e o arejamento do solo;
b) a aplicação minuciosa e bem feita dos tratamentos líquidos, que, pela sua quantidade, permitia atingir, de cada vez, tanto quanto possível, a totalidade dos órgãos da planta;
c) um número de tratamentos suficiente, para não deixar a vinha sem proteção durante todo o período da sua vegetação ativa; este número nunca deve, sem inconveniente, ser inferior a cinco, assim repartido:
1º Quando os rebentos ou pâmpanos tenham 5 centímetros de comprimento;
2º Passados 15 a 20 dias depois do primeiro tratamento;
3º No fim da floração;
4º 15 a 20 dias depois da floração;
5º 10 a 15 dias antes da pinta das uvas.
Um sexto tratamento feito em 10 de Agosto, é um complemento que pode ter a sua utilidade em anos húmidos, ou nos casos das grandes invasões tardias;
7º - limpar as cepas das folhas manchadas da sua primeira invasão, em Maio, dá bons resultados;
8º - a demora sobre a própria vinha, dum ano para o outro, de quaisquer partes secas, é uma causa poderosa de contaminação ulterior da mesma vinha;
9º Conjuntamente com as buscas de laboratório, e com as observações científicas e práticas, deve-se prosseguir com a mais escrupulosa atenção, no exame das vinhas, a começar antes do seu desabrochamento até à vindima, principalmente nos centros mais importantes do black-rot.

Ficheiros

Colecção

Citação

João Policarpo Freire de Campos, “ASSUNTOS AGRÍCOLAS”. In Damião de Goes, 12º Ano, nº 585, p. 2., 14-03-1897. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 8 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1233.

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