Pragas nos Periódicos

Vindimas

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Título

Vindimas

Criador

S/ autor

Fonte

O Jornal de Cantanhede, n.º 1109, pág. 3, col. 1, 2

Data

17-09-1910

Colaborador

Pedro Barros

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O que é preciso fazer para produzir bons vinhos?
Pondo de parte os cuidados culturais como as podas bem conduzidas e em épocas convenientes, empas cuidadas, cavas e descavas a tempo, aplicações oportunas de enxofre moído, simples ou cúprico da calda bordelesa e de outros preparados para defender a cepa dos parasitas e doenças, deve-se tratar, em primeiro lugar, de regularizar ou uniformizar a maturação desparrando ou esfolhando certas castas de vinha mais serôdias, e cobrindo com fetos ou ervas secas outras mais temporãs.
Depois deve preocupar o viticultor o momento da vindima, não convindo antecipá-la , pois se perde álcool e corpo, mas sendo em muitos casos prejudicial retarda-la, pois só se pode ganhar álcool , dificultando-se o trabalho da vinificação e prejudicando-se às vezes com a demora de vinho a fabricar.
A limpeza da adega, do vasilhame e de todos os utensílios deve também merecer o maior cuidado, começando pelos cestos e dornas para onde a uva é colhida e acabando no próprio pavimento da adega.
Os bolores, o bafio, a azedia, a podridão parte muitas vezes da vasilha e utensílios abandonados sem cuidado em adegas húmidas e mal cuidadas.
A casse ou enferrujação, a azedia e a tolda, encontram nas más condições da vinificação as suas principais causas. Em geral pode dizer-se que uma vindima feita no tempo próprio, com escolha da uva se tiver muito podre ou muito seco, ou sem escolha se for sã, feita para cestos e dornas bem lavados e sãos, para balseiros ou lagares convenientemente preparados, produzirá vinho bom e de segura conservação. Deve evitar-se porém que as fermentações se façam muito rápidas elevando-se demasiado a temperatura dos mostos. Neste caso pode fazer-se circular o mosto tirando-o pela torneira de baixo do balseiro ou tonel de fermentação e deitando-o por cima. Este trabalho dá em geral mais corpo e mais cor aos vinhos tintos.
O fim da fermentação deve também ser verificado pelo pesa-mostos, ou mustímetro, que indica bem quando o açúcar está todo desdobrado e portanto a ocasião de o separar dos engaços e bagulho, envasilhando-o para a fermentação lenta O mustímetro pesa-mostos é hoje um aparelho indispensável em todas as adegas.
A fermentação lenta deve também ser vigiada e feitos os atestos logo que seja possível e preservado o novo vinho do contacto com o ar.
Só para os vinhos especiais se usam processos fora do comum, porque para obter bom vinho não é preciso nada especial — boas uvas, asseio, cuidado na determinação do momento do encuvar evitando temperaturas elevadas na fermentação ou que o vinho arrefeça nas balsas. Os vapores de enxofre são um magnífico desinfectante a empregar e não se deve recear usar dele em demasia, devendo-se pelo contrário pôr de parte, na maioria dos casos, todas as drogas muitas delas já proibidas por lei e quase todas só precisas para curar vinhos doentes ou defeituosos.
(Do Jornal de Ourem)

Ficheiros

Citação

S/ autor, “Vindimas”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 1109, pág. 3, col. 1, 2, 17-09-1910. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 4 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1182.

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