FALSIFICAÇÃO DOS VINHOS
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Título
FALSIFICAÇÃO DOS VINHOS
Criador
S/ autor
Fonte
O Jornal de Cantanhede, n.º 322, pág. 2, col. 2, 3, 4
Data
17-08-1895
Colaborador
Pedro Barros
Text Item Type Metadata
Text
Lê-se no Primeiro de Janeiro:
A rainha de Espanha assinou um decreto proibindo a venda de vinhos artificiais.
(…)
Porque é que em Portugal se não há-de adoptar uma regra tão terminante e positiva?
(…)
Perde o consumidor que é defraudado na sua bolsa e na sua saúde, perde o lavrador que tem como concorrente aos produtos que representam mil despesas e canseiras, mil desgostos e sacrifícios, o desleal e impudente negociante de produtos falsificados. Ninguém ignora, ninguém, o que custa hoje arrancar à terra exausta, e às videiras atacadas por mil males, uma colheita sequer regular e um produto limpo e puro. Ninguém ignora, ninguém, que é um verdadeiro e enorme sacrifício a vida do viticultor, alanceado por tantas desilusões, tantos labores, tantos incómodos.
Ninguém ignora, ninguém, que só um doido amor pela terra, a paixão entranhada do solo, é que faz que nas regiões do norte vivam verdadeiramente escravizados à gleba milhares de pessoas que, dia a dia, espiam as suas vinhas, tratando-as da filoxera, salvando-as do míldio lutando por ora sem vantagem contra a terrível maromba, combatendo o oídio curando-as podando-as…(…)
(…)
A providência do governo espanhol devia ser adoptada pelo governo português. No nosso concelho e no vizinho concelho da Mealhada há fábricas de vinhos artificiais, que inundam os mercados impunemente, com prejuízo dos consumidores e dos lavradores.
Bom seria que o governo tomasse providências sérias a valer, e se deixasse de comissões vinícolas que para nada prestarão.
A rainha de Espanha assinou um decreto proibindo a venda de vinhos artificiais.
(…)
Porque é que em Portugal se não há-de adoptar uma regra tão terminante e positiva?
(…)
Perde o consumidor que é defraudado na sua bolsa e na sua saúde, perde o lavrador que tem como concorrente aos produtos que representam mil despesas e canseiras, mil desgostos e sacrifícios, o desleal e impudente negociante de produtos falsificados. Ninguém ignora, ninguém, o que custa hoje arrancar à terra exausta, e às videiras atacadas por mil males, uma colheita sequer regular e um produto limpo e puro. Ninguém ignora, ninguém, que é um verdadeiro e enorme sacrifício a vida do viticultor, alanceado por tantas desilusões, tantos labores, tantos incómodos.
Ninguém ignora, ninguém, que só um doido amor pela terra, a paixão entranhada do solo, é que faz que nas regiões do norte vivam verdadeiramente escravizados à gleba milhares de pessoas que, dia a dia, espiam as suas vinhas, tratando-as da filoxera, salvando-as do míldio lutando por ora sem vantagem contra a terrível maromba, combatendo o oídio curando-as podando-as…(…)
(…)
A providência do governo espanhol devia ser adoptada pelo governo português. No nosso concelho e no vizinho concelho da Mealhada há fábricas de vinhos artificiais, que inundam os mercados impunemente, com prejuízo dos consumidores e dos lavradores.
Bom seria que o governo tomasse providências sérias a valer, e se deixasse de comissões vinícolas que para nada prestarão.
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Colecção
Citação
S/ autor, “FALSIFICAÇÃO DOS VINHOS”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 322, pág. 2, col. 2, 3, 4 , 17-08-1895. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 21 de Maio de 2024, http://www.fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1108.