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Na correspondência de Lisboa ao Jornal do Norte lê-se o seguinte:
«O intendente de pecuária do distrito de Coimbra, o sr. António César Augusto Pereira, enviou ao sr. conselheiro Morais Soares, o resultado do exame por ele feito na doença que tem assolado as searas de milho no concelho de Miranda do Corvo. O sr. Pereira acompanhado pelo administrador do concelho e por alguns lavradores, inspecionou os terrenos onde esta doença se manifesta.
Não é nova a moléstia e supõe-se que a sua origem vem das chuvas copiosas ou de grandes calores, quando o milho ainda está pouco desenvolvido, e manifesta-se pelo aparecimento de uns insetos de diferente cor e grandeza.
O mais pequeno, que tem maior mobilidade, é delgado e a cor aproxima-se do amarelo escuro.
O milho que ele ataca morre em poucos dias, com a raiz completamente destruída.
O feijão que está semeado junto ao milho tem sido também atacado pelo mesmo animálculo.
O maior tem movimentos mais lentos do que o outro, é esbranquiçado e do feitio de uma lagarta. Chamam-lhe «bicho branco», «bichoca» e «trebolho», enquanto que o menor é designado pelos nomes de «alfinete» e «grafete».
Ataca o trebolho de preferência a «perneira» do milho, onde vive, e se alimenta e morre.
Os estrumes vegeto-animais mal preparados serão a causa da criação do inseto e por conseguinte da doença? A ciência o dirá.
O sr. Pereira enviou para o ministério das obras públicas um caixote com terra e com os insetos.»